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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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278 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

to do pecado jaz sepultado. Esta é uma observação geral, a qual presentemente<br />

ele aplica à sua experiência pessoal. Portanto, sinto-me<br />

surpreso com o que os tradutores tinham em mente ao comporem<br />

a passagem no tempo imperfeito, como se Paulo estivesse falando<br />

<strong>de</strong> si mesmo. É evi<strong>de</strong>nte que o seu propósito era iniciar com uma<br />

proposição <strong>de</strong> caráter universal, para em seguida explicar o tema<br />

pelo prisma <strong>de</strong> sua própria experiência.<br />

9. Sem a lei, eu estava vivo. A intenção <strong>de</strong> Paulo é subenten<strong>de</strong>r<br />

que houve um tempo em que o pecado estava morto para ele ou<br />

nele. Não é preciso enten<strong>de</strong>r que ele viveu em alguma época sem lei.<br />

Esta frase, eu estava vivo, contudo, tem uma conotação específica.<br />

Significa que a ausência da lei foi a razão <strong>de</strong> ele estar vivo, ou seja:<br />

embora se inflasse <strong>de</strong> vanglória em sua própria justiça, ele pretendia<br />

estar vivo, enquanto que, na verda<strong>de</strong>, estava morto. A frase ficará<br />

mais clara se a construirmos assim: “Na época em que eu estava sem<br />

a lei, eu estava vivo.” Já disse que esta expressão é enfática, pois<br />

ao pretextar ser justo, também pretendia estar vivo. O significado,<br />

pois, é o seguinte: “Quando eu pecava, <strong>de</strong>svencilhando-me do conhecimento<br />

da lei, meu pecado que eu <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> perceber era tão<br />

próprio para me embalar e me fazer dormir que até parecia estar<br />

quase morto. Em contrapartida, uma vez que não me consi<strong>de</strong>rava um<br />

pecador, vivia satisfeito comigo mesmo, supondo estar bem vivo.”<br />

A morte do pecado é a vida do homem; em contrapartida, a vida do<br />

pecado é a morte do homem.<br />

Eis a questão: quando Paulo esteve vivo em razão <strong>de</strong> sua ignorância<br />

ou (como ele mesmo diz) pela ausência da lei? É verda<strong>de</strong> que<br />

ele fora instruído, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância, na doutrina da lei. Esta, contudo,<br />

era uma ‘teologia da letra’, a qual não humilha seus discípulos. Como<br />

ele mesmo diz alhures, um véu era interposto a fim <strong>de</strong> evitar que<br />

os ju<strong>de</strong>us viessem a ver na lei a luz da vida [2Co 3.14]. Também em<br />

sua experiência, enquanto seus olhos se achavam velados <strong>de</strong>vido à<br />

ausência do Espírito <strong>de</strong> Cristo, vivia satisfeito com sua própria máscara<br />

[=larva] <strong>de</strong> justiça. Portanto, ele se refere à lei como estando

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