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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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398 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Há também vasos <strong>de</strong> ira, ou, seja: feitos e formados com o propósito<br />

<strong>de</strong> serem provas da vingança e <strong>de</strong>sprazer divinos. Se o Senhor os<br />

suporta pacientemente, por algum tempo, não <strong>de</strong>struindo-os na primeira<br />

oportunida<strong>de</strong>, mas adiando o juízo preparado para eles; e se<br />

ele proce<strong>de</strong> assim a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar os <strong>de</strong>cretos <strong>de</strong> sua severida<strong>de</strong><br />

(para que os <strong>de</strong>mais se sintam abalados <strong>de</strong> terror ao contemplar tão<br />

horríveis exemplos), bem como fazer notório seu po<strong>de</strong>r, para o quê<br />

ele os faz submeter-se <strong>de</strong> várias maneiras, e também para que isso<br />

possa aumentar a extensão <strong>de</strong> sua misericórdia para com seus eleitos,<br />

e fazê-la muito mais conhecida e resplan<strong>de</strong>cer com muito mais fulgor,<br />

o que há <strong>de</strong> repreensível nesta administração? A falha <strong>de</strong> Paulo em<br />

explicar por que os vasos são preparados para a <strong>de</strong>struição não causa<br />

surpresa, pois ele pressupõe, do que já afirmou acima, que a razão<br />

se acha oculta no eterno e inexplicável conselho divino, cuja justiça<br />

é digna <strong>de</strong> nossa adoração e não <strong>de</strong> nosso escrutínio.<br />

Ele usou a palavra vasos num sentido geral, significando instrumentos.<br />

Pois tudo quanto existe <strong>de</strong> realização, em todas as criaturas e<br />

em qualquer ato, pertence à administração do po<strong>de</strong>r divino. Portanto<br />

nós, que somos crentes, por boas razões somos chamados os vasos<br />

<strong>de</strong> misericórdia, visto que o Senhor nos usa como seus instrumentos<br />

na exibição <strong>de</strong> sua misericórdia. Os réprobos, contudo, são os vasos<br />

<strong>de</strong> ira, visto que servem para realçar o juízo divino.<br />

23. A fim <strong>de</strong> que também <strong>de</strong>sse a conhecer as riquezas <strong>de</strong> sua<br />

glória. Estou persuadido <strong>de</strong> haver aqui uma transposição da or<strong>de</strong>m<br />

gramatical nas duas partículas καὶ e ἵνα. Por isso a traduzi para que<br />

ele também faça conhecido, a fim <strong>de</strong> que a presente sentença se<br />

harmonize melhor com a anterior. Esta é a segunda razão por que<br />

a glória <strong>de</strong> Deus é revelada na <strong>de</strong>struição dos réprobos. E assim a<br />

plenitu<strong>de</strong> da misericórdia divina para com os eleitos é mais claramente<br />

confirmada. O eleito difere do réprobo somente no fato <strong>de</strong> o<br />

livramento do primeiro proce<strong>de</strong>r do mesmo abismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição<br />

do segundo. Isso, além do mais, se <strong>de</strong>ve absolutamente à graciosa<br />

munificência divina, e em nada dos próprios méritos humanos. Por-

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