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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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396 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Ao aplicar a metáfora, <strong>de</strong>vemos, além do mais, consi<strong>de</strong>rar que,<br />

como o oleiro não recebe nada do barro, seja qual for a forma que lhe<br />

dê, assim também Deus não recebe nada do homem, qualquer que<br />

seja a condição na qual ele o tenha criado. Devemos simplesmente<br />

lembrar disto: que Deus seria privado <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua honra caso<br />

não lhe fosse permitido exercer autorida<strong>de</strong> sobre o homem <strong>de</strong> ser<br />

o árbitro <strong>de</strong> sua vida e <strong>de</strong> sua morte. 24<br />

22. Que diremos, pois, se Deus, querendo<br />

mostrar sua ira, e dar a conhecer<br />

seu po<strong>de</strong>r, suportou com muita<br />

longanimida<strong>de</strong> os vasos <strong>de</strong> ira, preparados<br />

para a <strong>de</strong>struição,<br />

23. a fim <strong>de</strong> que também <strong>de</strong>sse a conhecer<br />

as riquezas <strong>de</strong> sua glória em<br />

vasos <strong>de</strong> misericórdia, que para glória<br />

preparou <strong>de</strong> antemão?<br />

22. Quid autem si Deus volens <strong>de</strong>monstrare<br />

iram, et notam facere<br />

potentiam suam, sustinuit in multa<br />

patientia vasa iræ, in interitum<br />

apparata;<br />

23. Ut notas quoque faceret divitias<br />

gloriæ suæ in vasa misericordiæ,<br />

quæ preparavit in gloriam?<br />

22. Se Deus suportou com muita longanimida<strong>de</strong> os vasos <strong>de</strong> ira.<br />

A segunda resposta <strong>de</strong> Paulo revela sucintamente que, embora o conselho<br />

<strong>de</strong> Deus seja incompreensível em relação à pre<strong>de</strong>stinação, não<br />

obstante sua irrepreensível eqüida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser vista mui claramente<br />

tanto na <strong>de</strong>struição dos réprobos quanto na salvação dos eleitos.<br />

Ele não apresenta nenhuma razão para a [existência da] eleição<br />

divina, por que um é escolhido e o outro, rejeitado. Era impróprio<br />

24 A metáfora nestes versículos <strong>de</strong>ve ser indubitavelmente interpretada <strong>de</strong> acordo com o<br />

contexto. Não só Calvino, mas muitos outros, têm <strong>de</strong>duzido <strong>de</strong>la o que não é consistente<br />

com o que contém o próximo versículo, o qual dá a explicação necessária. Pela ‘massa’<br />

<strong>de</strong> barro não significa a humanida<strong>de</strong>, contemplada como criaturas, mas como criaturas<br />

caídas; ou, como as chamam Agostinho e Pareus, “massa damnata – a massa con<strong>de</strong>nada”;<br />

pois são chamados no versículo seguinte vasos <strong>de</strong> ira, isto é, os objetos <strong>de</strong> ira; e tais são<br />

todos por natureza, segundo o que Paulo diz em Efésios 2.3; “éramos”, diz ele, “por natureza<br />

filhos da ira, como os <strong>de</strong>mais.”<br />

“As palavras ‘Terei misericórdia <strong>de</strong> quem eu quiser ter misericórdia’ implicam que todos<br />

mereciam ira; <strong>de</strong> modo que a massa <strong>de</strong> barro nas mãos do oleiro <strong>de</strong>ve reportar-se aos<br />

homens já existentes na presciência divina como criaturas caídas.” – Scott.<br />

Em todos os exemplos em que esta metáfora é usada por Isaías e Jeremias, ela se aplica aos<br />

ju<strong>de</strong>us em seu estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>generecência, e muito apropriadamente em Isaías 64.8, on<strong>de</strong> é precedida,<br />

no versículo 6, por essa notável passagem: “Somos todos como uma coisa imunda”<br />

etc. O barro, pois, ou a massa, é a massa da humanida<strong>de</strong> como corrompida e <strong>de</strong>pravada.

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