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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 2 • 111<br />

que as excelências (encomia – encômios) por ele expressos até agora<br />

sejam numerosos, eram tais que os ju<strong>de</strong>us podiam com justiça tomá-los<br />

como uma gran<strong>de</strong> honra, uma vez admitido que as marcas do caráter<br />

genuíno não estavam ausentes. Entretanto, visto que todas essas marcas<br />

outra coisa não eram senão meios, ou graças, as quais até mesmo os<br />

ímpios po<strong>de</strong>m possuir e corromper pelo abuso, nunca são suficientes<br />

para que sejam constituídas em verda<strong>de</strong>ira glória. Paulo, porém, não<br />

satisfeito com simplesmente censurar e repreen<strong>de</strong>r sua arrogância em<br />

confiar tão-somente em tais qualificações, converte suas palavras <strong>de</strong><br />

louvor em reprovação. Aquele que não só torna inúteis os dons divinos,<br />

os quais, por outro lado, são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor e dignida<strong>de</strong>, mas também<br />

os vicia e conspurca por meio <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>pravação, na verda<strong>de</strong> merece a<br />

reprovação máxima. Tal indivíduo é um conselheiro perverso que não<br />

atina com seu próprio bem, e é sábio somente em benefício <strong>de</strong> outros.<br />

Paulo, portanto, mostra que o louvor que eles [ju<strong>de</strong>us] apropriaram<br />

para si mesmos comprovou ser a própria <strong>de</strong>sgraça <strong>de</strong>les.<br />

Tu, que pregas que não se <strong>de</strong>ve furtar, furtas? Parece que a alusão<br />

do apóstolo, aqui, é ao Salmo 50.16-18, on<strong>de</strong> Deus diz:<br />

“Mas ao ímpio, diz Deus:<br />

Que fazes tu em recitar meus estatutos,<br />

e em tomar minha aliança em tua boca?<br />

Visto que o<strong>de</strong>ias a correção,<br />

e lanças minhas palavras para <strong>de</strong>trás <strong>de</strong> ti.<br />

Quando vês o ladrão, consentes com ele,<br />

e tens tua parte com adúlteros.”<br />

Esta reprimenda era aplicada aos ju<strong>de</strong>us nos dias <strong>de</strong> outrora, que<br />

confiavam no mero conhecimento da lei e viviam pior do que se não<br />

tivessem lei alguma. A não ser que tomemos muito cuidado, a lei se<br />

última parte do 18; o homem que o<strong>de</strong>ia ídolos e comete sacrilégio prova que não exerce<br />

seu presumido po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazer distinção própria entre certo e errado. Então o homem <strong>de</strong><br />

quem se fala no versículo 17, que confia na lei e se gloria em Deus, é culpado, no versículo<br />

23, do pecado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sonrar a Deus por transgredir sua lei.

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