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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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488 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

<strong>de</strong> vos apartar<strong>de</strong>s <strong>de</strong>le, então vos revelareis como falsos adoradores.”<br />

E se Deus for corretamente adorado à medida em que vamos<br />

regulando nossas ações em conformida<strong>de</strong> com seus mandamentos,<br />

então <strong>de</strong> nada nos valerão todas aquelas <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong> culto<br />

que porventura viermos a engendrar, as quais ele com toda razão<br />

abomina, já que ele põe a obediência acima <strong>de</strong> qualquer sacrifício.<br />

O ser humano <strong>de</strong>leita-se com suas próprias invenções e (como<br />

diz o apóstolo alhures) com suas vãs exibições <strong>de</strong> sabedoria; mas<br />

apren<strong>de</strong>mos o que o celestial Juiz <strong>de</strong>clara em oposição a tudo isso,<br />

quando nos fala por boca do apóstolo. Ao <strong>de</strong>nominar o culto que<br />

Deus or<strong>de</strong>na <strong>de</strong> racional, ele repudia tudo quanto contrarie as normas<br />

<strong>de</strong> sua Palavra, como sendo mero esforço insensato, insípido<br />

e inconseqüente. 3<br />

2. E não vos conformeis com este mundo. Ainda que o termo<br />

mundo traga em si muitos significados, aqui ele significa o caráter e<br />

a conduta do ser humano. E é em relação a este sentido que Paulo,<br />

com sobejas razões, nos proíbe a nos conformarmos. Visto que o<br />

mundo todo jaz no maligno [1Jo 5.19], então <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>spir-nos<br />

<strong>de</strong> tudo quanto pertence à natureza humana, se verda<strong>de</strong>iramente<br />

anelamos o revestimento <strong>de</strong> Cristo. Para remover toda e qualquer<br />

dúvida, ele explica seu significado a partir do oposto, ou, seja: nos<br />

convoca a nos <strong>de</strong>ixarmos transformar pela renovação <strong>de</strong> nossa men-<br />

3 A palavra λογικὴν, ‘racional’, foi consi<strong>de</strong>rada por Orígines, bem como por muitos <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>le, como uma <strong>de</strong>signação do serviço em harmonia com a razão, em oposição aos sacrifícios<br />

sob a lei que não eram agradáveis à razão. Crisóstomo, porém, a quem também<br />

muitos seguiram, consi<strong>de</strong>rava a palavra no sentido do que é espiritual ou que pertence à<br />

mente em contradistinção ao serviço ritual e externo da lei. Não há, porém, exemplo <strong>de</strong><br />

a palavra ter tal significado, exceto em 1 Pedro 2.2, que <strong>de</strong> forma alguma é <strong>de</strong>cisivo. Seu<br />

significado é racional ou razoável, ou o que concorda com a palavra, segundo Phavorinus.<br />

Não há necessida<strong>de</strong> aqui <strong>de</strong> pressupor algum contraste. A expressão apenas <strong>de</strong>signa o<br />

ato ou o serviço que o apóstolo prescreve; como se dissesse: “O que eu lhes exorto a<br />

fazer nada mais é que um serviço [culto ou liturgia] razoável, consistente com os ditames<br />

da razão. Deus fez gran<strong>de</strong>s coisas por vós, e nada é mais certo e justo do que vos<br />

<strong>de</strong>dicar<strong>de</strong>s totalmente a ele.” Este parece ser o significado óbvio. Atrair a atenção para<br />

outro tema, estabelecer a razão como um árbitro em questões <strong>de</strong> fé, é uma perversão<br />

sumária. E dizer que a palavra aqui siginifica o mesmo que em 1 Pedro 2.2 não é o que<br />

está em pauta aqui; pois como λόγος às vezes significa ‘palavra’, e às vezes ‘razão’, assim<br />

seu <strong>de</strong>rivativo po<strong>de</strong> ter uma varieda<strong>de</strong> afim.

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