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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 13 • 527<br />

que nossa salvação está agora mais perto <strong>de</strong> nós do que quando no<br />

princípio cremos, tem função parentética e é <strong>de</strong> caráter metafórico,<br />

não <strong>de</strong>vendo ter uma significação à parte do todo. Pelo termo noite<br />

o apóstolo indica a ignorância acerca <strong>de</strong> Deus, e todos quantos são<br />

mantidos nessa ignorância vagueiam como sonâmbulos em meio às<br />

trevas. Os incrédulos laboram arqueados <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> dois males, a<br />

saber: a cegueira e a estupi<strong>de</strong>z. Esta estupi<strong>de</strong>z Paulo, um pouco mais<br />

adiante, <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> sono, que é, diz ele, a imagem da morte. Pelo<br />

termo luz ele indica a revelação da verda<strong>de</strong> divina, através da qual<br />

Cristo, o Sol da justiça, nasce sobre nós. 11 Pela sentença, <strong>de</strong>spertar<br />

do sono, ele indica que <strong>de</strong>vemos estar armados e prontos para fazer<br />

o que o Senhor requer que façamos. As obras das trevas são os atos<br />

vergonhosos e ímpios, pois a noite, diz ele, é cheia <strong>de</strong> escândalos. As<br />

armas da luz significam as ações nobres, sóbrias e castas, as quais<br />

geralmente são praticadas à plena luz do dia. O apóstolo diz armas,<br />

em lugar <strong>de</strong> obras, porque toda nossa milícia é no serviço do Senhor.<br />

As palavras iniciais, E digo isso, <strong>de</strong>vem ser lidas à parte, pois elas<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da doutrina previamente expressa pelo apóstolo, e significam,<br />

como o termo latino adhaec ou praeterea, ou, seja: ‘além disso’<br />

ou ‘a<strong>de</strong>mais’. O tempo, diz ele, é conhecido dos crentes, visto que o<br />

chamamento divino e o dia da visitação [divina] <strong>de</strong>mandam uma nova<br />

vida e uma nova conduta. Ele, pois, adiciona, à guisa <strong>de</strong> explicação, que<br />

este é o tempo oportuno para acordarmos. Καιρός, em vez <strong>de</strong> χρόνος,<br />

<strong>de</strong>nota o momento certo, ou a oportunida<strong>de</strong> certa. 12<br />

11 A explicação anterior <strong>de</strong> noite e dia, como aqui implícita, não comporta o que <strong>de</strong>pois se<br />

diz no versículo 12. A distinção entre noite e dia, quando a ignorância e o conhecimento<br />

estão em pauta, e a noite e dia <strong>de</strong> um cristão, <strong>de</strong>ve ser claramente realçada.<br />

Que o presente estado dos crentes, sua condição neste mundo, está implícito aqui pelo<br />

termo ‘noite’, e seu estado <strong>de</strong> glória futura está implícito pelo termo ‘dia’, parece evi<strong>de</strong>nte<br />

à luz das palavras que se seguem: “porque nosssa salvação está mais perto agora do que<br />

quando cremos.” Salvação aqui como em 8.24 e em 1 Pedro 1.9, significa salvação completada<br />

e aperfeiçoada, o pleno <strong>de</strong>sfruto <strong>de</strong> todas as bênçãos. Aliás, em nenhum outro<br />

sentido po<strong>de</strong> ser apropriado o que se diz aqui <strong>de</strong> noite e dia. A noite da ignorância pagã<br />

já passou para os cristãos, e o dia da luz evangélica não estava se aproximando, mas já<br />

tinha <strong>de</strong>spontado.<br />

12 As palavras καὶ τούτο, segundo Beza, Grotius, Me<strong>de</strong> e outros, conectam o que se segue<br />

com a exortação anterior ao amor. Mas todo o teor do que se segue <strong>de</strong> modo algum favo-

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