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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 311<br />

senão a morte, proce<strong>de</strong> dos labores <strong>de</strong> nossa carne, visto que os<br />

mesmos são hostis à vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Ora, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é<br />

a norma da justiça. Segue-se que tudo quanto seja contrário a ela<br />

é injusto; e se é injusto, também traz, ao mesmo tempo, a morte.<br />

Contemplamos a vida em vão, caso Deus nos seja contrário e hostil,<br />

pois a morte, que é a vingança da ira divina, <strong>de</strong>ve necessariamente<br />

seguir <strong>de</strong> imediato a ira divina.<br />

Observemos aqui que a vonta<strong>de</strong> humana é em todos os aspectos<br />

oposta à vonta<strong>de</strong> divina, pois assim como há uma gran<strong>de</strong> diferença<br />

entre nós e Deus, também <strong>de</strong>ve haver entre a <strong>de</strong>pravação e a retidão.<br />

Pois não está sujeita à lei <strong>de</strong> Deus. Esta é uma interpretação<br />

da cláusula anterior. Ela mostra que todas as cogitações da carne<br />

estão em guerra contra a vonta<strong>de</strong> divina, pois esta só po<strong>de</strong> ser buscada<br />

on<strong>de</strong> Deus a tenha revelado. Na lei, Deus nos mostra o que lhe<br />

agrada. Aqueles, pois, que <strong>de</strong>sejam perscrutar acuradamente qual o<br />

grau <strong>de</strong> sua harmonia com Deus, então <strong>de</strong>vem testar todos os seus<br />

propósitos e práticas por este padrão. Ainda que nada é executado<br />

neste mundo senão pelo domínio secreto da providência divina, usar<br />

isto como escusa, e dizer que nada acontece sem sua aprovação,<br />

não passa <strong>de</strong> intolerável blasfêmia. Que temerida<strong>de</strong> e que estultícia<br />

é buscar num profundo labirinto a diferença entre o certo e o errado,<br />

quando a lei já o pôs diante <strong>de</strong> nossos olhos <strong>de</strong> forma nítida e distinta.<br />

O Senhor, como já disse, <strong>de</strong>veras tem o seu conselho secreto, pelo<br />

qual ele or<strong>de</strong>na todas as coisas como lhe apraz; porém, visto que o<br />

mesmo é incompreensível ao nosso entendimento, <strong>de</strong>vemos estar<br />

cônscios <strong>de</strong> que somos impedidos <strong>de</strong> ter acesso a ele pela nossa tão<br />

curiosa investigação. Numa palavra, que esta verda<strong>de</strong> permaneça<br />

inalterável, a saber: só a justiça agrada a Deus, e só através da lei,<br />

na qual ele tem testificado o que aprova e o que <strong>de</strong>saprova, é que<br />

po<strong>de</strong>mos formar um juízo correto acerca <strong>de</strong> nossas obras.<br />

Nem mesmo po<strong>de</strong> estar. Isto <strong>de</strong>veria bastar para [calar] o po<strong>de</strong>r<br />

do livre-arbítrio, o qual os sofistas não po<strong>de</strong>m satisfatoriamente exaltar.<br />

Paulo, indubitavelmente, está aqui explicitamente afirmando o

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