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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 7 • 291<br />

18. Porque eu sei. Então diz que nenhum bem habita nele<br />

no tocante à natureza. Em mim, portanto, significa “no que me<br />

diz respeito”. No início <strong>de</strong> seu discurso, ele se con<strong>de</strong>na por ser<br />

completamente corrupto, ao confessar que nenhum bem habitava<br />

nele. Então adiciona um corretivo, para não ser encontrado insultando<br />

a graça <strong>de</strong> Deus que também habitava em seu íntimo, mas<br />

que não fazia parte <strong>de</strong> sua carne. Aqui também confirma que não<br />

se referia a toda a humanida<strong>de</strong>, senão somente ao crente que se<br />

acha dividido em si mesmo por conta [do conflito] dos resíduos<br />

da carne e da graça do Espírito. Qual o propósito <strong>de</strong> tal corretivo<br />

senão que alguma parte estava isenta <strong>de</strong> <strong>de</strong>pravação, e, portanto,<br />

não era carnal? Sob o termo carne, Paulo sempre inclui todos os<br />

dotes da natureza humana e tudo quanto está no homem, exceto a<br />

santificação do Espírito. Assim, pelo termo espírito, o qual é geralmente<br />

contrastado com carne, ele tem em mente a parte da alma<br />

que o Espírito <strong>de</strong> Deus já purificou do mal e já se acha conformada<br />

à imagem <strong>de</strong> Deus, que agora refulge nele. Ambos os termos, pois,<br />

carne e espírito, são aplicados à alma. Um se relaciona à parte que<br />

já se acha regenerada, e o outro se relaciona à parte que ainda<br />

conserva sua inclinação natural. 27<br />

Pois o querer está em mim. Sua intenção não era dizer simplesmente<br />

que possuía um <strong>de</strong>sejo ineficaz, e, sim, negar que a eficácia <strong>de</strong><br />

suas obras corresponda à sua vonta<strong>de</strong>, visto que a carne o impedia<br />

da perfeita execução do que fazia. As palavras que se seguem, não,<br />

porém, fazer o bem, também <strong>de</strong>vem ser tomadas neste sentido,<br />

27 O Apóstolo aqui é seu próprio intérprete. Ele explica quem é o Eu que faz o que o outro Eu<br />

reprova, e quem é o Eu que o<strong>de</strong>ia o que o outro Eu faz. Ele nos diz aqui que não é o mesmo<br />

Eu, embora anunciado a princípio como se fosse o mesmo. Ele nos informa aqui que um<br />

Eu era sua carne, seu pecado ou corrupção inerente, e nos diz no versículo 22 que o outro<br />

Eu era “o homem interior”, sua nova natureza. O “homem interior”, como Calvino nos dirá<br />

presentemente, não é a alma como distinta do corpo, ma o homem renovado como distinto<br />

da carne. É o mesmo que “o novo homem” como distinto <strong>de</strong> “o velho homem”. Vejam-se<br />

Efésios 4.22, 24; <strong>Romanos</strong> 6.6; 2 Coríntios 5.17. Mas “o homem interior” e “o homem exterior”,<br />

em 2 Coríntios 4.16, são a alma e o corpo; e “o homem interior”, em Efésios 3.16, a<br />

mesma expressão que se encontra no versículo 22, significa a alma, como é evi<strong>de</strong>nte à luz<br />

do contexto. O mesmo é implícito por “o homem oculto do coração” em 1 Pedro 3.4.

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