27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

546 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

colocar a liberda<strong>de</strong> conferida por Cristo em oposição à servidão da<br />

lei, para que não pensassem que estavam presos a uma observância<br />

da qual Cristo os libertara. A exceção que Paulo faz nos ensina que<br />

não há nada tão puro que não seja contaminado por uma consciência<br />

corrompida. É tão-somente a fé e a pieda<strong>de</strong> que santificam todas as<br />

coisas para nosso uso. Visto que os incrédulos são impuros interiormente,<br />

eles maculam tudo quanto tocam [Tt 1.15].<br />

15. Se por causa <strong>de</strong> comida teu irmão se entristece. O apóstolo<br />

agora mostra em quantas maneiras é possível o escândalo que<br />

provocamos em nossos irmãos, prejudicando o uso <strong>de</strong> coisas que<br />

[em si mesmas] são boas. A primeira razão consiste em que o amor<br />

é violentado se nosso irmão se entristece por um motivo tão banal,<br />

pois levar alguém a entristecer-se é contrário ao amor. A segunda<br />

[razão] consiste em que o valor do sangue <strong>de</strong> Cristo é <strong>de</strong>struído<br />

quando a consciência frágil é ferida; porquanto, mesmo o irmão<br />

mais <strong>de</strong>sprezível foi redimido pelo sangue <strong>de</strong> Cristo. É intolerável,<br />

pois, que o mesmo <strong>de</strong>vesse ser <strong>de</strong>struído por uma questão <strong>de</strong> requinte<br />

gastronômico. Seremos entregues a nossas luxúrias com um<br />

vilipêndio além <strong>de</strong> toda medida caso nossa preferência seja posta<br />

em comida acima <strong>de</strong> Cristo, coisa essa totalmente banal. 12 A terceira<br />

razão consiste nisto: se a liberda<strong>de</strong> que Cristo conquistou para nós é<br />

boa, então <strong>de</strong>vemos procurar que a mesma não seja difamada pelos<br />

homens, nem vituperada com razão; e isso suce<strong>de</strong> quando abusamos<br />

das dádivas divinas. Estas razões <strong>de</strong>vem guardar-nos <strong>de</strong> incorrermos<br />

negligentemente em escândalos pelo mau uso <strong>de</strong> nossa liberda<strong>de</strong>. 13<br />

12 À luz das palavras “não <strong>de</strong>stuas” etc. alguns têm <strong>de</strong>duzido a idéia <strong>de</strong> que aqueles por<br />

quem Cristo morreu pu<strong>de</strong>ssem perecer para sempre. Não é sábio nem justo extrair conclusão<br />

<strong>de</strong>sse tipo; pois isso é negado por muitas <strong>de</strong>clarações positivas da Escritura. A<br />

inferência do homem, quando contrária à Palavra <strong>de</strong> Deus, não po<strong>de</strong> estar certa. Além<br />

disso, o objetivo do apóstolo nesta passagem é claramente este: exibir o pecado dos que<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ravam o bem <strong>de</strong> seu irmão, bem como mostrar o que esse pecado po<strong>de</strong>ria<br />

fazer, sem dizer que ele realmente efetuava esse mal.<br />

13 “Vestrum bonum”, ὑμω̑ν τὸ ἀγαθόν. Alguns, tais como Grotius e Hammond, Scott, Chalmers<br />

e outros, concordam com Calvino, e vêem este ‘bem’ ou privilégio como sendo a liberda<strong>de</strong><br />

cristã, ou a isenção das observâncias cerimoniais [1Co 10.29]; mas Orígines, Ambrósio,<br />

Teodoreto, Me<strong>de</strong> e outros consi<strong>de</strong>ram que o evangelho está implícito. A primeira opinião<br />

é a consistente com a passagem.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!