27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 1 • 75<br />

nações em sua ignorância, entretanto não as <strong>de</strong>ixou sem testemunho<br />

(ἀμάρτυροι), visto que lhes <strong>de</strong>u do céu as chuvas e as estações frutíferas.<br />

Esse conhecimento <strong>de</strong> Deus, portanto, só serve para impedir que<br />

os homens se justifiquem, o qual difere gran<strong>de</strong>mente do conhecimento<br />

que traz a salvação. Este último [conhecimento] é mencionado por<br />

Cristo, e Jeremias nos ensina a nos gloriarmos nele [Jo 17.3; Jr 9.24].<br />

21. Tendo conhecimento <strong>de</strong> Deus. Ele claramente afirma, aqui,<br />

que Deus pôs o conhecimento <strong>de</strong> si mesmo nas mentes <strong>de</strong> todos os<br />

homens. Em outras palavras, Deus tem assim <strong>de</strong>monstrado sua existência<br />

por meio <strong>de</strong> suas obras a fim <strong>de</strong> levar os homens a verem o que<br />

não buscam conhecer <strong>de</strong> sua livre vonta<strong>de</strong>, ou, seja, que existe Deus.<br />

O mundo não existe por meios fortuitos nem proce<strong>de</strong>u <strong>de</strong> si mesmo.<br />

Mas é preciso notar sempre qual o grau <strong>de</strong> conhecimento em que permaneceram,<br />

como veremos a seguir.<br />

Não o glorificaram como Deus. Nenhuma concepção <strong>de</strong> Deus se<br />

po<strong>de</strong> formular sem que se inclua eternida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>r, sabedoria, bonda<strong>de</strong>,<br />

verda<strong>de</strong>, justiça e misericórdia. Sua eternida<strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>ncia<br />

mediante o fato <strong>de</strong> que ele mantém todas as coisas em suas mãos e<br />

faz com que todas elas estejam em harmonia com ele. Sua sabedoria é<br />

percebida no fato <strong>de</strong> que ele dispôs todas as coisas em perfeita or<strong>de</strong>m.<br />

Sua bonda<strong>de</strong> consiste em que não há nenhuma outra causa para que<br />

ele criasse todas as coisas, nem existe alguma outra razão que o induza<br />

a preservá-las, senão sua bonda<strong>de</strong>. Sua justiça se evi<strong>de</strong>ncia no modo<br />

como ele governa o mundo, visto que pune os culpados e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> os<br />

inocentes. Sua misericórdia consiste em que ele suporta a perversida<strong>de</strong><br />

dos homens com inusitada paciência. E sua verda<strong>de</strong> consiste no<br />

fato <strong>de</strong> que ele é imutável. Aqueles, pois, que preten<strong>de</strong>m formular alguma<br />

concepção <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong>vem tributar-lhe o <strong>de</strong>vido louvor por sua<br />

eternida<strong>de</strong>, sabedoria, bonda<strong>de</strong>, justiça, misericórdia e verda<strong>de</strong>.<br />

Visto que os homens têm <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> reconhecer em Deus tais<br />

atributos, ao contrário o têm retratado imaginariamente como se fosse<br />

um fantasma sem substância, tem-se afirmado, com justiça, que<br />

eles o têm impiamente <strong>de</strong>spido <strong>de</strong> sua glória. Não é sem razão que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!