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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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378 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

suas obras, quaisquer que sejam elas.” Eis a terceira: “O Senhor, em<br />

sua eleição totalmente imerecida, é livre e isento da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conce<strong>de</strong>r igualmente a todos a mesma graça. Ao contrário, ele ignora a<br />

quem quer, e escolhe a quem lhe apraz.” Paulo, sucintamente, enfeixa<br />

todas estas proposições numa só sentença, e em seguida consi<strong>de</strong>rará<br />

os pontos restantes.<br />

Ao afirmar: E as crianças não eram ainda nascidas, nem tinham<br />

praticado o bem ou o mal, está a <strong>de</strong>monstrar que Deus, ao fazer<br />

a diferença entre eles, não po<strong>de</strong>ria ter levado em conta quaisquer<br />

obras que não haviam ainda vindo à existência. Os que apresentam<br />

um argumento contrário, dizendo que isso não constitui razão para<br />

a eleição divina não fazer diferença entre os homens segundo os<br />

méritos <strong>de</strong> suas obras – porquanto Deus prevê as obras futuras, as<br />

quais os farão ou não dignos ou merecedores <strong>de</strong> sua graça –, não<br />

conseguem perceber com a mesma luci<strong>de</strong>z <strong>de</strong> Paulo, porém se prejudicam<br />

pelo primeiro princípio <strong>de</strong> teologia, o qual <strong>de</strong>ve ser bem mais<br />

conhecido dos cristãos, ou seja: que Deus não po<strong>de</strong> ver nada [<strong>de</strong><br />

positivo] na natureza corrompida do homem, tal como <strong>de</strong>monstrado<br />

na pessoa <strong>de</strong> Jacó e Esaú, que o possa induzir a <strong>de</strong>monstrar seu favor.<br />

Quando, pois, Paulo diz que nem um <strong>de</strong>les, naquele tempo, havia<br />

feito qualquer bem ou mal, <strong>de</strong>vemos adicionar, ao mesmo tempo,<br />

seu pressuposto <strong>de</strong> que eram ambos filhos <strong>de</strong> Adão, pecadores por<br />

natureza, sem a posse <strong>de</strong> uma única fagulha <strong>de</strong> justiça.<br />

Não insisto na explanação <strong>de</strong>stes pontos, porque o pensamento<br />

do apóstolo é obscuro. Entretanto, visto que os sofistas não se mostram<br />

satisfeitos com a simples afirmação <strong>de</strong> Paulo, e tentam escapar<br />

com distinções frívolas, então empenhei-me por mostrar que ele<br />

não estava <strong>de</strong> forma alguma sem informação sobre os argumentos<br />

que alegavam, mas que eles mesmos eram cegos em relação aos<br />

princípios elementares da fé.<br />

Além disso, ainda quando a corrupção que se difundiu por toda<br />

a raça humana é por si só suficiente para trazer con<strong>de</strong>nação, mesmo<br />

antes <strong>de</strong> revelar sua natureza em feitos ou atos, segue-se <strong>de</strong>ste fato

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