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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 11 • 477<br />

os limites da Palavra <strong>de</strong> Deus, e cuja conclusão seja repassada<br />

e saturada daquela expressão <strong>de</strong> assombro. Indubitavelmente,<br />

não <strong>de</strong>vemos sentir-nos constrangidos caso nossa sabedoria não<br />

exceda a daquele que uma vez foi arrebatado até ao terceiro céu,<br />

don<strong>de</strong> ouviu e contemplou mistérios que aos homens não lhe fora<br />

possível relatar [2Co 12.4]. Todavia, ele não encontrou nenhuma<br />

outra saída, aqui, senão humilhar-se como o fez.<br />

Alguns traduzem as palavras do apóstolo da seguinte maneira:<br />

“Ó profundas riquezas, e sabedoria, e conhecimento <strong>de</strong> Deus!”, como<br />

se a palavra βάθος tivesse sido usada simplesmente como adjetivo,<br />

enquanto que riquezas significassem liberalida<strong>de</strong>. Contudo, isso<br />

parece-me muito forçado. Paulo, pois, estou bem certo, está exaltando<br />

as profundas riquezas da sabedoria e do conhecimento <strong>de</strong> Deus. 35<br />

Quão insondáveis são seus juízos. Ele expressa o mesmo tema<br />

em diferentes termos, valendo-se <strong>de</strong> uma repetição muito familiar<br />

em hebraico. Havendo falado <strong>de</strong> juízos, ele adiciona caminho no<br />

sentido <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nanças divinas ou a maneira divina <strong>de</strong> agir ou <strong>de</strong><br />

governar. Ele prossegue ainda com sua exclamação, na qual exalta<br />

ainda mais o mistério divino, enquanto que nos refreia ainda mais<br />

da natural curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa investigação. Aprendamos, pois, a<br />

evitar as inquirições concernentes a nosso Senhor, exceto até on<strong>de</strong><br />

ele se nos revelou através da Escritura. Do contrário, entraremos<br />

num labirinto do qual o escape não nos será fácil. Notemos que ele<br />

não preten<strong>de</strong> discutir aqui todos os mistérios <strong>de</strong> Deus, mas somente<br />

aqueles que se acham escondidos em Deus, e mediante os quais<br />

Deus <strong>de</strong>seja que o admiremos e o adoremos.<br />

35 Deveras se tem imaginado por parte <strong>de</strong> muitos que πλούτου, riquezas, é um substantivo<br />

pertencente à sabedoria e ao conhecimento, usado, segundo a maneira hebraica, em lugar<br />

<strong>de</strong> um adjetivo. Significa abundância ou exuberância. A sentença, segundo nosso idioma,<br />

então seria: “Ó profundida<strong>de</strong> da exuberância da sabedoria e do conhecimento <strong>de</strong> Deus!” O<br />

apóstolo, como nas palavras “os dons e vocação <strong>de</strong> Deus”, adota uma escala ascen<strong>de</strong>nte<br />

e menciona primeiro a sabedoria e então o conhecimento, que aponta para a or<strong>de</strong>m que<br />

a prece<strong>de</strong>. Então, na frase seguinte, segundo sua prática usual, ele retroce<strong>de</strong> e <strong>de</strong>clara<br />

primeiro o que pertence ao conhecimento – ‘juízos’, <strong>de</strong>cisões, <strong>de</strong>cretos divinos, tais como<br />

<strong>de</strong>termina o conhecimento; e então ‘caminhos’, processos reais para cuja orientação a sabedoria<br />

se faz necessária. Assim vemos que seu estilo é totalmente hebraísta.

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