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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 1 • 73<br />

ten<strong>de</strong> que não po<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r plenamente a Deus, em toda<br />

sua gran<strong>de</strong>za, mas que há certos limites <strong>de</strong>ntro dos quais os homens<br />

<strong>de</strong>vem manter-se, embora Deus acomo<strong>de</strong> à nossa tacanha capacida<strong>de</strong><br />

[ad modulum nostrum attemperat] toda <strong>de</strong>claração que ele faz <strong>de</strong><br />

si próprio. Portanto, somente os estultos é que buscam conhecer a<br />

essência <strong>de</strong> Deus. O Espírito, o Preceptor da sabedoria plenária, não<br />

sem razão chama nossa atenção para o que po<strong>de</strong> ser conhecido, τό<br />

γνωστόν, e o apóstolo logo em seguida explicará como isso po<strong>de</strong> ser<br />

apreendido. A força da passagem é intensificada pela preposição in<br />

[in ipsis, em vez do simples ipsis]. Conquanto na fraseologia hebraica,<br />

a qual o apóstolo freqüentemente usa, a partícula B, in [em], é às vezes<br />

redundante, tudo indica que ele, nesta instância, pretendia indicar<br />

uma manifestação do caráter <strong>de</strong> Deus que é por <strong>de</strong>mais forte para permitir<br />

que os homens <strong>de</strong>la escapem, visto que, indubitavelmente, cada<br />

um <strong>de</strong> nós a sente esculpida em seu próprio coração. 35 Ao dizer: Deus<br />

lhos manifestou, sua intenção é que o homem foi criado para ser um<br />

espectador do mundo criado, e que ele foi dotado com olhos com o<br />

propósito <strong>de</strong> ser guiado por Deus mesmo, o Autor do mundo, para a<br />

contemplação <strong>de</strong> tão magnificente imagem.<br />

20. Pois, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do mundo, os atributos invisíveis 36<br />

<strong>de</strong> Deus – seu eterno po<strong>de</strong>r e sua natureza divina – têm sido claramente<br />

vistos. Deus, em si mesmo, é invisível, porém, uma vez que<br />

sua majesta<strong>de</strong> resplan<strong>de</strong>ce em todas suas obras e em todas suas criaturas,<br />

os homens <strong>de</strong>vem reconhecê-lo nelas, porquanto elas são uma<br />

viva <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> seu Criador. Por esta razão o apóstolo, em sua<br />

Epístola aos Hebreus, chama o mundo <strong>de</strong> espelho ou representação<br />

[specula seu spectacula] das coisas invisíveis [Hb 11.3]. Ele não apresenta<br />

<strong>de</strong>talhadamente todos os atributos que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados<br />

35 Alguns tomam ἐν αὐτοι̑ς no sentido <strong>de</strong> entre eles, ou, como diz Stuart, no meio <strong>de</strong>les ou diante<br />

<strong>de</strong> seus olhos”, isto é, no mundo visível, embora muitos a apliquem, como o faz Calvino,<br />

ao sentido moral, e que a expressão correspon<strong>de</strong> àquela “escrito em seus corações”.<br />

36 Há uma passagem citada por Wolfius <strong>de</strong> Aristóteles em seu livro De Mundo, a qual coinci<strong>de</strong><br />

notavelmente com uma parte do versículo – “πάσῃ θνητῃ̑ φύσει γενομενος ἀθεώρητος<br />

ἀπ̕ αὐτω̑ν τω̑ν ἔργων θεορεται ὁ θεός – Deus, invisível por qualquer natureza mortal, é visto<br />

pelas próprias obras.”

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