27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 8 • 335<br />

nosso íntimo. Segue-se disto que o sacrifício da morte <strong>de</strong> Cristo<br />

seria infrutífera e supérflua, a menos que seu fruto fosse exibido<br />

em nossa renovação celestial.<br />

24. Porque na esperança fomos salvos. Paulo confirma sua exortação<br />

por meio <strong>de</strong> outro argumento, visto que nossa salvação não po<strong>de</strong><br />

ser separada da aparência <strong>de</strong> morte. Ele prova isto a partir da natureza<br />

da esperança. Visto que esta se esten<strong>de</strong> às coisas que ainda não fazem<br />

parte <strong>de</strong> nossa experiência, e representam às nossas mentes a imagem<br />

<strong>de</strong> coisas que se acham ocultas e por <strong>de</strong>mais remotas, tudo quanto salta<br />

aos olhos ou é sentido pelo contato da mão não po<strong>de</strong> ser esperado.<br />

Paulo toma por garantida a inegável verda<strong>de</strong>: enquanto vivermos neste<br />

mundo, nossa salvação resi<strong>de</strong> na esperança. A nossa <strong>de</strong>dução, pois, é<br />

que ela se acha conservada na presença <strong>de</strong> Deus, muito longe <strong>de</strong> nossos<br />

sentidos. Ao dizer que a esperança que se vê não é esperança, ele usa<br />

uma expressão incisiva, porém sem obscurecer a idéia. Simplesmente<br />

<strong>de</strong>seja ensinar-nos que, embora a esperança se refira a um bom futuro e<br />

não a um bom presente, jamais está conectada a uma plena e evi<strong>de</strong>nte<br />

possessão. Portanto, se tais gemidos se constituem num fardo para<br />

alguns, estão necessariamente lançando por terra a or<strong>de</strong>m estabelecida<br />

por Deus, ou seja: que não chama seu povo a triunfar antes <strong>de</strong><br />

exercitá-lo na batalha do sofrimento. Porém, visto que a Deus aprouve<br />

guardar nossa salvação encerrada em seu seio, é-nos proveitoso neste<br />

mundo lutar, sofrer opressão, aflição, gemer, chorar até à langui<strong>de</strong>z<br />

como pobres moribundos. Os que buscam uma salvação visível, na<br />

verda<strong>de</strong> rejeitam-na quando renunciam a esperança; porquanto esta<br />

foi <strong>de</strong>signada por Deus como guardiã da salvação. 24<br />

25. Mas, se esperamos o que não vemos, então com paciência<br />

o aguardamos. O argumento é <strong>de</strong>rivado do prece<strong>de</strong>nte para o conseqüente,<br />

porque da esperança se segue necessariamente a paciência. Se<br />

24 Quando lemos que somos salvos pela esperança, o significado é que não estamos plena<br />

ou perfeitamente salvos agora, e que isso é o que esperamos. Não temos ainda “a salvação<br />

eterna”, diz Grotius, “porém a aguardamos.” Há a salvação atual, mas aquela que é<br />

perfeita é ainda futura. A Escritura fala <strong>de</strong> salvação agora, vejam-se Efésios 2.8; Tito 3.4,<br />

5; e <strong>de</strong> salvação futura, vejam-se Marcos 13.13; 10.9.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!