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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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486 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Há, pois, duas questões a serem pon<strong>de</strong>radas aqui. A primeira<br />

é que pertencemos ao Senhor; e a segunda é que <strong>de</strong>vemos, por<br />

esta mesma razão, ser santos, porquanto seria uma afronta à<br />

santida<strong>de</strong> do Senhor oferecer-lhe algo que não lhe haja sido antes<br />

consagrado. Desta pressuposição segue-se, ao mesmo tempo, que<br />

<strong>de</strong>vemos meditar sobre a santida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve permear todas as<br />

áreas e toda a extensão <strong>de</strong> nossa vida. Segue-se também, <strong>de</strong>ste<br />

mesmo fato, que seria uma espécie <strong>de</strong> sacrilégio reincidirmos na<br />

impureza, pois tal coisa seria pura e simplesmente profanar o que<br />

já havia sido santificado.<br />

A linguagem <strong>de</strong> Paulo sofre uma gran<strong>de</strong> mudança. Primeiramente,<br />

ele afirma que nosso corpo <strong>de</strong>ve ser oferecido a Deus em<br />

forma <strong>de</strong> sacrifício. Com isso ele preten<strong>de</strong> ensinar que não mais<br />

nos pertencemos, mas que passamos a pertencer inteiramente a<br />

Deus. Contudo, isso não po<strong>de</strong> acontecer se primeiro não renunciarmos<br />

ou não negarmos a nós mesmos. Ele, pois, <strong>de</strong>clara, através<br />

dos adjetivos que adiciona, que gênero <strong>de</strong> sacrifício é este.<br />

Ao qualificá-lo <strong>de</strong> vivo, sua intenção é que somos sacrificados ao<br />

Senhor a fim <strong>de</strong> que nossa vida anterior seja <strong>de</strong>struída em nós, e<br />

que sejamos ressuscitados para uma nova vida. Pelo termo santo<br />

ele aponta, como já mencionamos, para a genuína natureza <strong>de</strong> um<br />

ato sacrificial. Porque a vítima do sacrifício só é agradável e aceitável<br />

a Deus quando é previamente santificada. O terceiro adjetivo<br />

[aceitável] nos lembra que nossa vida só é corretamente or<strong>de</strong>nada<br />

quando regulamos este auto-sacrifício <strong>de</strong> acordo com a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Deus. Este elemento não nos traz um consolo supérfluo, pois ele<br />

nos instrui dizendo que nossos labores são agradáveis e aceitáveis<br />

a Deus quando nos <strong>de</strong>votamos à retidão e à santida<strong>de</strong>.<br />

Pelo termo corpos ele não quer dizer simplesmente nosso corpo<br />

físico, composto <strong>de</strong> pele, músculos e ossos, mas aquela plenitu<strong>de</strong><br />

existencial da qual nos compomos. Ele usou este termo, por meio <strong>de</strong><br />

sinédoque, para <strong>de</strong>notar toda nossa personalida<strong>de</strong>, pois os membros<br />

do corpo são os instrumentos pelos quais executamos nossos pro-

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