27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

536 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

5. Um faz diferença entre dia e dia. O apóstolo havia falado<br />

justamente <strong>de</strong> escrúpulos na escolha <strong>de</strong> alimentos. Ele agora adiciona<br />

outro exemplo em relação à distinção entre os dias. Ambos<br />

têm sua origem no judaísmo. Ora, o Senhor, na lei, faz distinção<br />

entre os alimentos, e pronuncia que alguns são impuros e proíbe<br />

sua utilização. Ele também <strong>de</strong>signa festas e dias solenes, e or<strong>de</strong>na<br />

que sejam observados. Os ju<strong>de</strong>us, pois, que eram conduzidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

sua infância na doutrina da lei, não podiam <strong>de</strong>scartar a reverência<br />

por certos dias, os quais haviam recebido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, e aos<br />

quais estavam solidamente acostumados ao longo <strong>de</strong> toda sua vida.<br />

Nem mesmo ousavam tocar aqueles alimentos dos quais se haviam<br />

abstido por tão longo período. Defen<strong>de</strong>r tais opiniões era um sinal inconteste<br />

<strong>de</strong> sua fraqueza. Possuíam um claro e seguro conhecimento<br />

da liberda<strong>de</strong> cristã, e provavelmente acalentavam diferentes pontos<br />

<strong>de</strong> vista. Mas para eles era um sinal <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong> abster-se daquilo<br />

que acreditavam ser lícito, assim como era um sinal <strong>de</strong> presunção<br />

e <strong>de</strong>sdém agir contrariamente a sua consciência.<br />

O apóstolo, pois, nos ministra aqui mui sábia diretriz, quando recomenda<br />

que cada um esteja bem consciente <strong>de</strong> seu propósito. O que<br />

ele preten<strong>de</strong> com isso é que os cristãos incrementem a obediência<br />

com tal prudência, que nada façam se não crêem, ou, antes, se não<br />

têm certeza <strong>de</strong> que é do agrado <strong>de</strong> Deus. 5 Devemos ter sempre em<br />

mente que o princípio do genuíno viver consiste em que o homem<br />

<strong>de</strong>penda da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, e não se permita que mova sequer um<br />

<strong>de</strong>do caso não tenha certeza ou vacile em sua mente. Ultrapassar<br />

os limites <strong>de</strong> nossa convicção é agir irrefletidamente e precipitar-<br />

-nos velozmente no abismo da arrogância. Não é difícil respon<strong>de</strong>r<br />

à objeção <strong>de</strong> que o erro está sempre acompanhado <strong>de</strong> dúvidas e<br />

5 “Unusquisque sententiæ suæ certus sit”; ἕκαστος ἐν τ ἰδιῳ πληροφορείσθω; “unusquisque<br />

in animo suo plenè certus esto – que cada um esteja plenamente certo em sua própria<br />

mente”, Beza, Pareus; “que cada um esteja convicto em sua mente”, Macknight; “que cada<br />

um livremente nutra sua própria opinião”, Doddridge. Este último é <strong>de</strong> forma alguma o<br />

sentido. Nossa própria versão é a melhor e mais literal: “que cada homem esteja plenamente<br />

persuadido em sua própria mente”; e com a qual concorda perfeitamente a<br />

exposição <strong>de</strong> Calvino. Para o significado do verbo aqui, veja-se 4.21.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!