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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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132 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Como alguns caluniosamente afirmam. Visto que Paulo se<br />

expressa com tanta reverência sobre os juízos secretos <strong>de</strong> Deus,<br />

é surpreen<strong>de</strong>nte ver como seus inimigos o caluniavam com tanto<br />

<strong>de</strong>spudor. Porém, nunca houve reverência ou serieda<strong>de</strong> suficientemente<br />

gran<strong>de</strong>, entre os servos <strong>de</strong> Deus, que pu<strong>de</strong>sse conter as<br />

línguas imundas e virulentas dos homens. Portanto, não é nenhuma<br />

novida<strong>de</strong> que nossa doutrina, a qual sabemos da própria experiência<br />

ser o puro evangelho <strong>de</strong> Cristo (do que todos os anjos e todos os<br />

crentes dão testemunho), seja dificultada neste presente tempo por<br />

muitas e variadas acusações e se torne odiosa aos olhos <strong>de</strong> nossos<br />

adversários. É possível concebermos algo mais monstruoso do que<br />

a acusação que lemos aqui, a qual foi assacada contra Paulo com o<br />

propósito <strong>de</strong> tratar sua doutrina com <strong>de</strong>sdém entre os ignorantes?<br />

Que não fiquemos, pois, surpresos se os ímpios pervertem, com<br />

suas calúnias, a verda<strong>de</strong> que pregamos, e não cessemos, por esse<br />

motivo, <strong>de</strong> guardar continuamente a singela confissão da mesma,<br />

visto que ela tem suficiente po<strong>de</strong>r para massacrar e dispersar suas<br />

insídias. Todavia, seguindo o exemplo do apóstolo, ousemos opor-<br />

-nos, até on<strong>de</strong> nos for possível, a seus maliciosos ardis, para que<br />

essas miseráveis e dissolutas criaturas não difamem nosso Criador<br />

impunemente.<br />

A con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>stes é justa. Há quem tome esta cláusula num<br />

sentido ativo, significando que Paulo concorda com eles, <strong>de</strong> que sua<br />

objeção era absurda, com o fim <strong>de</strong> que ninguém viesse a <strong>de</strong>duzir que<br />

a doutrina do evangelho se achava conectada a tais paradoxos. Prefiro,<br />

contudo, o sentido passivo. Teria sido inconsistente meramente<br />

expressar aprovação a tais vilanias, as quais mereciam antes severa<br />

con<strong>de</strong>nação, e isso, creio eu, foi o que Paulo precisamente fez. Pois<br />

sua perversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>via ser con<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> duas formas: primeira,<br />

como em Marcos 9.11 e 28. A versão, então, seria: “e por que não (como somos censurados,<br />

e como alguns <strong>de</strong>claram que dizemos): Façamos o mal para que nos venha o bem?” Esta é<br />

a tradução <strong>de</strong> Lutero. Mas Limborch e Stuart consi<strong>de</strong>ram que λέγωμεν <strong>de</strong>ve ser entendido<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> μὴ; e o último toma μὴ, não como negativa, mas como interrogativa, “e diremos?”<br />

etc. Entre essas varieda<strong>de</strong>s, o núcleo principal da passagem permanece o mesmo.

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