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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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384 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

lugar, que embora Paulo visse que esta parte da doutrina não podia<br />

ser discutida sem imediatamente suscitar terríveis contradições e<br />

vociferantes blasfêmias, no entanto a introduziu francamente e sem<br />

dissimulação. De fato, ele não escon<strong>de</strong> o fato <strong>de</strong> quanta ocasião<br />

para distúrbio e ódio se nos proporciona em nosso aprendizado,<br />

ou, seja: que antes mesmo <strong>de</strong> nascerem, a porção dos homens lhes<br />

é <strong>de</strong>signada, a cada um, pela secreta vonta<strong>de</strong> divina. Não obstante,<br />

ele prossegue, e <strong>de</strong>clara sem tergiversação, que apren<strong>de</strong>u estas<br />

coisas do Espírito Santo. Segue-se disso ser algo em extremo intolerável<br />

à sensibilida<strong>de</strong> daqueles que afetam uma aparência <strong>de</strong> maior<br />

prudência que a do próprio Espírito Santo, em remover ou resolver<br />

ofensas. Para que Deus não seja acusado, é uma questão <strong>de</strong> fé para<br />

eles simplesmente confessar que a salvação ou a <strong>de</strong>struição dos<br />

homens <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua soberana eleição. Se fossem menos curiosos,<br />

e se refreassem suas línguas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senfreada licenciosida<strong>de</strong>,<br />

sua modéstia e sobrieda<strong>de</strong> seriam dignas <strong>de</strong> aprovação. Porém,<br />

que audácia é essa <strong>de</strong> tentar amordaçar ao Espírito Santo e a Paulo!<br />

Portanto, que floresça suficiente gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> alma no seio da Igreja<br />

<strong>de</strong> Deus, para que se evite que seus santos mestres se sintam envergonhados<br />

diante da profissão singela das sãs doutrinas, ainda que<br />

isso lhes pareça <strong>de</strong>sagradável; e que estejam preparados a fim <strong>de</strong><br />

refutar todas as calúnias provenientes dos ímpios.<br />

15. Pois ele diz a Moisés. 14 No tocante aos eleitos, Deus não po<strong>de</strong><br />

ser acusado da mais leve injustiça, porquanto os favorece com sua<br />

mercê em consonância com seu beneplácito. Contudo, aqui também<br />

a carne encontra razões para queixa, pois ela não po<strong>de</strong> permitir que<br />

Deus mostre favor a um e a outro não, a menos que a causa se faça<br />

14 A citação é <strong>de</strong> Êxodo 33.19, e literalmente da Septuaginta. O verbo ἐλεέω <strong>de</strong>ve ser tomado<br />

aqui no sentido <strong>de</strong> mostrar favor antes que misericórdia, <strong>de</strong> acordo com o significado da<br />

palavra hebraica; pois a idéia <strong>de</strong> misericórdia é a que comunica o outro verbo, οἰκτείρω<br />

Schleusner o traduz aqui e em algumas outras passagens neste sentido. A tradução,<br />

pois, seria: “Favorecerei a quem eu favorecer”, isto é, a quem eu <strong>de</strong>cidir favorecer; “terei<br />

compaixão <strong>de</strong> quem eu tiver compaixão”, ou, seja, <strong>de</strong> quem eu <strong>de</strong>cidir ter compaixão. O<br />

último verbo em ambas as frases em hebraico está no tempo futuro, mas traduzido apropriadamente<br />

em grego no presente, quando ele comumente expressa um ato presente.

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