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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 10 • 423<br />

A expressa menção que Paulo faz só da ressurreição <strong>de</strong> Cristo<br />

não <strong>de</strong>ve ser motivo para concluir-se que sua morte não fosse <strong>de</strong><br />

qualquer importância; mas porque, por meio <strong>de</strong> sua ressurreição,<br />

ele completou toda a obra <strong>de</strong> nossa salvação. Mesmo quando nossa<br />

re<strong>de</strong>nção e satisfação, pelas quais somos reconciliados com Deus,<br />

foram consumadas por sua morte, não obstante a vitória sobre o<br />

pecado, a morte e Satanás foi granjeada por sua ressurreição. Desta<br />

emanam também a justiça, a nova vida e a esperança da bendita<br />

imortalida<strong>de</strong>. Por esta razão, só a ressurreição <strong>de</strong> Cristo é às vezes<br />

posta diante <strong>de</strong> nossos olhos para confirmar a segurança <strong>de</strong> nossa<br />

salvação, não com o fim <strong>de</strong> distrair nossa atenção <strong>de</strong> sua morte,<br />

mas porque ela testifica do efeito e fruto <strong>de</strong> sua morte. Resumindo,<br />

a ressurreição <strong>de</strong> Cristo inclui sua morte. Fizemos alguma menção<br />

<strong>de</strong>ste tema no sexto capítulo.<br />

Além do mais, Paulo requer não meramente uma fé histórica, mas<br />

aquela que inclui na própria ressurreição o <strong>de</strong>creto <strong>de</strong> ressuscitar<br />

a Cristo. Devemos lembrar-nos do propósito para o qual Cristo ressuscitou.<br />

Foi o <strong>de</strong>sígnio do Pai ressuscitá-lo a fim <strong>de</strong> restaurar-nos<br />

à vida. Ainda que Cristo possuísse o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> trazer sua própria<br />

vida <strong>de</strong> volta, esta obra, na Escritura, é geralmente atribuída ao Pai.<br />

10. Porque com o coração se crê 8 para justiça. Esta passagem<br />

po<strong>de</strong> ser-nos útil na compreensão da justificação pela fé. Ela<br />

revela que obtemos a justiça quando abraçamos a benevolência<br />

divina que nos é oferecida no evangelho. Somos, pois, justificados<br />

8 ‘Creditur’; πιστεύεται, ‘é crido’. É um verbo impessoal, e também é o verbo da próxima<br />

frase. A introdução <strong>de</strong> uma pessoa se faz necessária em uma versão, e po<strong>de</strong>mos dizer:<br />

‘Cremos’; ou, como ‘tu’ é usado no versículo prece<strong>de</strong>nte, po<strong>de</strong> ser adotado aqui: “Porque<br />

pelo coração tu crês na justiça”, isto é, a fim <strong>de</strong> granjear justiça; “e com a boca tu confessas<br />

para a salvação”, isto é, a fim <strong>de</strong> apropriar-se da salvação. “Deus conhece nossa<br />

fé”, observa Pareus, “mas ela se faz conhecida ao homem por meio da confissão.” As<br />

observações <strong>de</strong> Turrettin sobre este versículo vêm muito a propósito. Diz que Paulo gostava<br />

<strong>de</strong> antítese, e que não <strong>de</strong>vemos enten<strong>de</strong>r fé e confissão como separadas e aplicadas<br />

somente às duas coisas aqui mencionadas, mas <strong>de</strong>vem ser vistas como conectadas, e<br />

que um caso semelhante se encontra em 4.25, on<strong>de</strong> lemos que Cristo foi entregue por<br />

nossas ofensas e que ressuscitou para nossa justificação; significando que, por meio <strong>de</strong><br />

sua morte e ressurreição, nossas ofensas são apagadas e a justificação é alcançada. Da<br />

mesma forma a essência do que aqui se expressa é que pela fé sincera e confissão franca<br />

obtemos a justificação e salvação.

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