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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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322 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Sião, e à cida<strong>de</strong> do Deus vivente, e à Jerusalém celestial... e a Jesus,<br />

o Mediador <strong>de</strong> uma nova aliança” [Hb 12.18-24].<br />

À luz do advérbio novamente, ou outra vez, apren<strong>de</strong>mos que<br />

o apóstolo, aqui, está comparando a lei com o evangelho. Este é<br />

aquele inestimável benefício que o Filho <strong>de</strong> Deus nos trouxe através<br />

<strong>de</strong> seu advento, a saber: que não mais precisamos nos pren<strong>de</strong>r<br />

à condição servil da lei. Não <strong>de</strong>vemos, contudo, inferir daqui, ou<br />

que ninguém foi dotado com o Espírito <strong>de</strong> adoção antes da vinda<br />

<strong>de</strong> Cristo, ou que todos quantos receberam a lei eram escravos, e<br />

não filhos. Paulo compara o ministério da lei com a dispensação do<br />

evangelho, e não pessoas com pessoas. Admito que os crentes são<br />

aqui advertidos sobre quão mais liberalmente Deus os trata agora<br />

do que antigamente tratou os pais sob o Velho Testamento. Levo<br />

em conta, contudo, a dispensação externa, e só neste aspecto é que<br />

os sobrepujamos, pois a fé <strong>de</strong> Abraão, <strong>de</strong> Moisés e <strong>de</strong> Davi era mais<br />

excelente que a nossa. Não obstante, até ao ponto em que Deus os<br />

conservou sujeitos a ‘tutores’, não alcançaram aquela liberda<strong>de</strong> que<br />

a nós foi concretizada.<br />

Entretanto, <strong>de</strong>vemos ao mesmo tempo observar que o apóstolo<br />

faz aqui, por causa dos falsos apóstolos, um <strong>de</strong>liberado contraste<br />

entre discípulos liberais da lei e crentes, a quem Cristo, seu Mestre<br />

celestial, não só se lhes dirige com as palavras <strong>de</strong> seus próprios<br />

lábios, mas também os instrui interior e eficazmente pela instrumentalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seu Espírito.<br />

Ainda que o pacto da graça se acha contido na lei, não obstante<br />

Paulo o remove <strong>de</strong> lá; porque, ao contrastar o evangelho com a lei, ele<br />

leva em consi<strong>de</strong>ração somente o que fora peculiar à lei em si mesma,<br />

ou seja: a or<strong>de</strong>nança e a proibição, refreando assim os transgressores<br />

com ameaça <strong>de</strong> morte. Ele atribui à lei suas próprias qualificações,<br />

mediante as quais ela difere do evangelho. Contudo, po<strong>de</strong>-se preferir<br />

a seguinte afirmação: “Ele só apresenta a lei no sentido em que Deus,<br />

nela, pactua conosco em relação às obras.” Portanto, nossa opinião<br />

no tocante a pessoas seria: “Quando a lei foi promulgada no seio do

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