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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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256 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

alguma ao período em que foram servos do pecado. A comparação<br />

implícita entre seu primeiro e seu último estado é enfática. Ele lança<br />

um repto àqueles que caluniavam a graça <strong>de</strong> Cristo, mostrando que,<br />

quando a graça cessa <strong>de</strong> dominar, toda a raça humana se faz cativa<br />

sob o domínio do pecado; mas que o reinado do pecado chega ao<br />

fim assim que a graça manifesta seu po<strong>de</strong>r. 14<br />

Deduzimos disso que não somos libertados da escravidão da lei<br />

para vivermos em pecado, visto que a lei não per<strong>de</strong> seu domínio até<br />

que a graça <strong>de</strong> Deus nos reclame para ele com o fim <strong>de</strong> renovar sua<br />

justiça em nós. É impossível, pois, que vivamos sujeitos ao pecado<br />

<strong>de</strong>pois que a graça <strong>de</strong> Deus passou a reinar em nosso ser interior. Como<br />

já afirmamos, o espírito <strong>de</strong> regeneração está incluso no conceito graça.<br />

Contudo viestes a obe<strong>de</strong>cer <strong>de</strong> coração. Aqui, o apóstolo compara<br />

também o po<strong>de</strong>r secreto do Espírito com a letra externa da lei,<br />

como a dizer: “Cristo molda o interior <strong>de</strong> nossos corações muito<br />

melhor do que faz a compulsão da lei com suas ameaças e terrores.”<br />

Isso <strong>de</strong>strói a calúnia daqueles que afirmam: se, pois, Cristo nos livra<br />

da sujeição à lei, então ele nos conduz à liberda<strong>de</strong> para pecarmos.<br />

Cristo, contudo, não livra seus seguidores para entregá-los a uma<br />

<strong>de</strong>senfreada licenciosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira que corram sem freios<br />

como corcéis livres nos campos; mas para conduzi-los a uma forma<br />

responsável <strong>de</strong> viver. Erasmo, seguindo a Vulgata, <strong>de</strong>cidiu traduzi-lo<br />

pelo termo forma; porém me senti compelido a reter a palavra tipo,<br />

a mesma que Paulo usa. A palavra padrão 15 po<strong>de</strong>, talvez, ser preferí-<br />

14 Nossa versão <strong>de</strong>ste versículo comunica a idéia <strong>de</strong> que o apóstolo ren<strong>de</strong> graças porque<br />

eles tinham sido servos do pecado; mas ὅτι é às vezes traduzida porque, como em Mateus<br />

5.3, 4; Lucas 10.13; e em Mateus 6.5, seguido por δὲ, como aqui no versículo 6. A tradução<br />

po<strong>de</strong> ser esta:<br />

Mas graças a Deus porque fostes servos do pecado, mas que, <strong>de</strong>pois, obe<strong>de</strong>cestes à forma<br />

<strong>de</strong> doutrina na qual fostes instruídos.<br />

15 A versão <strong>de</strong> Calvino é: “Obedîstis verò et animo typo doctrine in quem traductis estis.”<br />

A palavra τύπος é traduzida em João 20.25, marca, isto é, dos cravos – em Atos 7.43, no<br />

plural, figuras, isto é, imagens; em Atos 7.44, forma, isto é, padrão ou mo<strong>de</strong>lo; em Hebreus<br />

8.5, padrão; em Atos 23.25, modo, isto é, forma; em <strong>Romanos</strong> 5.14, figura, isto é, representação;<br />

em Tito 2.7, padrão; e em todos os <strong>de</strong>mais casos em que ocorre, exceto neste caso,<br />

traduz-se por exemplo, e no plural, exemplos, como oferecidos pela conduta <strong>de</strong> outros, ou<br />

por acontecimentos; vejam-se 1 Coríntios 10.6, 11; Filipenses 3.17; 1 Tessalonicenses 1.7;<br />

2 Tessalonicenses 3.9; 1 Timóteo 4.12; 1 Pedro 5.3. A idéia <strong>de</strong> mol<strong>de</strong>, que alguns lhe dão,<br />

não conta com nenhum exemplo no Novo Testamento.

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