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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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440 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

1. Pergunto, pois: Terá Deus, porventura, rejeitado seu povo?<br />

O teor das observações <strong>de</strong> Paulo concernente à cegueira e obstinação<br />

dos ju<strong>de</strong>us, aparentemente sugere que Cristo, com sua vinda,<br />

privou os ju<strong>de</strong>us <strong>de</strong> toda e qualquer esperança <strong>de</strong> salvação, bem<br />

como removeu as promessas, <strong>de</strong>stinando-as a outro povo. Portanto,<br />

é justamente esta objeção que ele antecipa na presente passagem.<br />

Ele mo<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> tal sorte o que dissera anteriormente sobre a rejeição<br />

dos ju<strong>de</strong>us, que ninguém po<strong>de</strong>rá concluir que o pacto feito noutro<br />

tempo com Abraão se acha agora abolido, ou que Deus se esquecera<br />

<strong>de</strong> tal forma <strong>de</strong>le, que os ju<strong>de</strong>us se achavam então completamente<br />

alheios a seu reino, da mesma forma como viviam os gentios antes<br />

da vinda <strong>de</strong> Cristo. Paulo nega isto, e passa a provar sucintamente<br />

que tal coisa não se harmonizava com a verda<strong>de</strong>. Mas a questão não<br />

é se Deus rejeitou o povo justa ou injustamente. Ficou provado, no<br />

último capítulo, que quando o povo rejeitou a justiça divina movido<br />

<strong>de</strong> zelo injustificado, foram justamente punidos por seu orgulho;<br />

mereceram ser endurecidos e finalmente eliminados do pacto.<br />

Portanto, o que está agora em pauta não é a causa <strong>de</strong> sua rejeição,<br />

e, sim, se o pacto feito inicialmente com os patriarcas foi <strong>de</strong><br />

fato abolido, e se os ju<strong>de</strong>us realmente mereciam a punição divina.<br />

É absurdo imaginar que o pacto pu<strong>de</strong>sse ser <strong>de</strong>struído por alguma<br />

infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> humana, pois o apóstolo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o seguinte princípio:<br />

visto a adoção ser gratuita e se achar fundamentada unicamente<br />

em Deus, e <strong>de</strong> forma alguma no ser humano, então ela será firme e<br />

inviolável, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> ser profunda a incredulida<strong>de</strong> que conspira<br />

para <strong>de</strong>struí-la. Esta dificulda<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> ser resolvida a fim <strong>de</strong> que<br />

a verda<strong>de</strong> e a eleição não sejam tidas como que proce<strong>de</strong>ntes dos<br />

méritos humanos.<br />

Porque eu também sou israelita. Antes <strong>de</strong> entrar no tema em<br />

discussão, ele prova, <strong>de</strong> passagem, partindo <strong>de</strong> seu próprio exemplo,<br />

quão absurdo é o pensamento <strong>de</strong> que aquela nação fora esquecida<br />

por Deus. Paulo mesmo era um genuíno israelita, e não um simples<br />

prosélito, tampouco um neófito admitido à comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Israel.

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