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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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324 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

que, como observa Agostinho, Deus chegou a ser louvado em todas<br />

as línguas, 18 sem qualquer distinção. O objetivo <strong>de</strong> Paulo, pois, era<br />

expressar o consenso existente entre todas as nações. Segue-se disto<br />

que não há agora nenhuma diferença entre ju<strong>de</strong>us e gregos, visto<br />

que ambos se têm <strong>de</strong>senvolvido lado a lado. O profeta Isaías diz<br />

algo distinto quando <strong>de</strong>clara que a língua <strong>de</strong> Canaã seria comum a<br />

todos os povos [Is 19.18]. O significado, contudo, é o mesmo. Ele não<br />

refere formas externas <strong>de</strong> linguagem, e, sim, harmonia do coração<br />

em adoração a Deus, e ao mesmo zelo singelo em professar seu culto<br />

genuíno e puro. O verbo clamar é usado para expressar confiança;<br />

como a dizer: “Nossa oração não expressa dúvida, senão que ergue<br />

ao céu um brado confiante.”<br />

Os crentes também chamam Deus <strong>de</strong> Pai sob o regime da lei,<br />

porém não com esta confiança tão espontânea, visto que o véu os<br />

mantinha fora do santuário. Mas agora, quando a entrada já nos foi<br />

amplamente aberta pelo sangue <strong>de</strong> Cristo, po<strong>de</strong>mos dar glória <strong>de</strong><br />

maneira familiar e em voz altissonante, anunciando que somos filhos<br />

<strong>de</strong> Deus. Daí a razão <strong>de</strong>sse grito. E a profecia <strong>de</strong> Oséias é assim também<br />

cumprida: “Semearei Israel para mim na terra, e compa<strong>de</strong>cer-<br />

-me-ei da Desfavorecida; e a Não-meu-povo, direi: Tu és o meu povo;<br />

e ele dirá: Tu és o meu Deus!” [Os 2.23]. A promessa mais evi<strong>de</strong>nte<br />

consiste em que maior será nossa liberda<strong>de</strong> na oração.<br />

16. O próprio Espírito testifica com o nosso espírito. Ele não<br />

diz simplesmente que o Espírito <strong>de</strong> Deus é uma testemunha em<br />

relação ao nosso espírito, senão que usa um verbo composto, o<br />

qual foi traduzido para o latim pelo termo contestatur [‘contestar’],<br />

18 Wolfius faz uma citação do Talmu<strong>de</strong>, à luz da qual parece que aos ‘servos’ ou escravos, e<br />

às ‘servas’ ou escravas, não era permitido, entre os ju<strong>de</strong>us, chamar seu senhor <strong>de</strong> Abba<br />

(aba), nem sua ama <strong>de</strong> Aima (amya), sendo o uso <strong>de</strong>sses nomes permitido somente às<br />

crianças. E Sel<strong>de</strong>n diz que há uma evi<strong>de</strong>nte alusão nesta passagem a esse costume entre<br />

os ju<strong>de</strong>us. Sob a lei, o povo <strong>de</strong> Deus era servo, porém sob o evangelho se converte em<br />

filho; e daí o privilégio <strong>de</strong> chamar a Deus <strong>de</strong> Abba. Haldane, citando Clau<strong>de</strong>, faz a mesma<br />

explicação. A repetição da palavra é por causa da ênfase, e é dada como uma expressão<br />

<strong>de</strong> afeto caloroso, ar<strong>de</strong>nte e intenso. Veja um exemplo disso na oração <strong>de</strong> nosso Salvador<br />

no jardim [Mc 14.36], e no que ele disse na cruz [Mt 27.46]. A idéia mencionada por Calvino,<br />

<strong>de</strong>rivada dos Pais, parece não ser bem fundamentada.

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