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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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194 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

À semelhante da Virgem Maria [Lc 1.34], quando inquiriu do anjo<br />

como sua mensagem se concretizaria, e a tantos outros exemplos<br />

similares registrados na Escritura, Abraão perguntou como tal coisa<br />

se concretizaria, porém foi a pergunta <strong>de</strong> uma pessoa profundamente<br />

assustada ante o inusitado. Assim, pois, quando aos santos se transmite<br />

alguma mensagem em relação às obras <strong>de</strong> Deus, cuja gran<strong>de</strong>za<br />

exce<strong>de</strong> muitíssimo à compreensão <strong>de</strong>les, os mesmos se sentem impelidos<br />

por expressões <strong>de</strong> espanto, porém <strong>de</strong> um espanto que logo<br />

passa e ce<strong>de</strong> lugar à contemplação do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus. Os ímpios,<br />

contudo, em suas indagações, motejam e rejeitam tudo como algo <strong>de</strong><br />

natureza mítica. Po<strong>de</strong>mos averiguar que este foi precisamente o caso<br />

dos ju<strong>de</strong>us, ao perguntarem a Cristo como seria possível dar ele sua<br />

carne para ser <strong>de</strong>glutida [Jo 6.52]. Pela mesma razão foi que Abraão<br />

não foi reprovado quando riu e indagou como seria possível a um<br />

homem <strong>de</strong> cem anos e uma mulher <strong>de</strong> noventa nascer um filho; pois,<br />

em seu assombro, ele, não obstante, se rendia ao po<strong>de</strong>r da Palavra<br />

<strong>de</strong> Deus. Em contrapartida, um riso e uma indagação similares, por<br />

parte <strong>de</strong> Sara, foram censurados, visto que ela acusara as promessas<br />

<strong>de</strong> Deus <strong>de</strong> simples quimeras.<br />

Se estas observações forem aplicadas ao nosso presente tema,<br />

ficará evi<strong>de</strong>nte que a justificação <strong>de</strong> Abraão e a dos gentios tiveram<br />

exatamente a mesma fonte. Os ju<strong>de</strong>us, portanto, insultam a seu<br />

próprio pai, quando insistem em chamar a vocação dos gentios <strong>de</strong><br />

absurda. Recor<strong>de</strong>mos também que todos nós estamos na mesma condição<br />

<strong>de</strong> Abraão. Nossas circunstâncias se acham todas em oposição<br />

às promessas <strong>de</strong> Deus. Ele nos promete imortalida<strong>de</strong>: todavia nos<br />

achamos cercados <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e corrupção. Ele <strong>de</strong>clara que nos<br />

tem na conta <strong>de</strong> justos: todavia nos achamos cobertos <strong>de</strong> pecados.<br />

Ele testifica que se faz propício e benevolente para conosco: todavia<br />

os sinais externos suscitam sua ira. O que fazer, pois? Devemos<br />

fechar nossos olhos, não fazendo conta nem <strong>de</strong> nós mesmos nem<br />

das <strong>de</strong>mais coisas a nós relacionadas, <strong>de</strong> modo que nada venha<br />

impedir-nos ou embaraçar-nos <strong>de</strong> crer que Deus é verda<strong>de</strong>iro e fiel.

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