27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 12 • 489<br />

te. Estes contrastes são mui freqüentes na Escritura, e explicam um<br />

tema com muito mais clareza.<br />

Mas transformai-vos pela renovação <strong>de</strong> vossa mente. Temos<br />

<strong>de</strong> observar ainda aqui qual a renovação que se nos <strong>de</strong>manda. Não<br />

é aquela que se restringe somente à carne, como os mestres da<br />

Sorbone a explicam, ou, seja: a renovação daquela parte inferior da<br />

alma; ao contrário, é a renovação da mente, que é nossa parte mais<br />

excelente e à qual os filósofos atribuem preeminência. Eles a chamam<br />

<strong>de</strong> τὸ ἡγεμονικόν, o princípio regulador, e afirmam que a razão é a<br />

rainha da sabedoria suprema. Entretanto, o apóstolo a arranca <strong>de</strong><br />

seu trono e a reduz a nada, ensinando-nos que nossa mente tem <strong>de</strong><br />

ser renovada. Ainda quando muitos <strong>de</strong> nós se exaltem, as palavras<br />

<strong>de</strong> Cristo continuam sendo verda<strong>de</strong>iras, ou, seja: que o homem como<br />

um todo tem <strong>de</strong> nascer <strong>de</strong> novo caso queira entrar no reino <strong>de</strong> Deus;<br />

porquanto, tanto na mente quanto no coração, todos nós estamos<br />

inteiramente alienados da justiça divina.<br />

Para que experimenteis. 4 Eis aqui o propósito pelo qual <strong>de</strong>vemos<br />

revestir-nos <strong>de</strong> uma nova mente, a saber: para que renunciemos a<br />

nossos próprios conselhos e <strong>de</strong>sejos, bem como aos <strong>de</strong> todos os<br />

homens, e para que nos volvamos exclusiva e inteiramente para<br />

a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. O conhecimento da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus equivale à<br />

verda<strong>de</strong>ira e genuína sabedoria. Ora, se a renovação <strong>de</strong> nossa mente<br />

é indispensável para o propósito <strong>de</strong> se provar qual é a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, então faz-se evi<strong>de</strong>nte quão hostil é a mente humana em<br />

relação a Deus.<br />

4 Ut probetis, εἰς τὸ δοκιμάζειν ὑμα̑ς; “ut noscatis – para que saibais”, Teofilato; “ut diligenter<br />

scrutemini – para que averigueis cuidadosamente”, Jerônimo; “para que conheçais<br />

experimentalmente”, Doddridge; “para que aprendais”, Stuart. O verbo significa primordialmente<br />

três coisas: testar, isto é, metais pelo fogo; experimentar, provar, examinar [1Pe<br />

1.7; Lc 14.19; 2Co 13.5]; aprovar o que é provado [Rm 14.22; 1Co 16.3]; e também provar<br />

uma coisa com o fim <strong>de</strong> fazer uma distinção própria, discernir, enten<strong>de</strong>r, distinguir [Lc<br />

12.56; Rm 2.18]. A última idéia é a mais a<strong>de</strong>quada aqui, “para que entendais qual é a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Deus, sim, aquilo que é bom e aceitável e perfeito.”<br />

‘Bom’, ἀγαθὸν, é útil, vantajoso, benéfico; ‘aceitável’, εὐάρεστον, é o que é agradável e<br />

aceito por Deus; e ‘perfeito’, τέλειον, é completo, inteiro, sem qualquer <strong>de</strong>feito, ou justo<br />

e certo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!