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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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354 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

nos envolveu em seu amor, jamais <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> nós. Paulo<br />

não diz simplesmente que não existe nada que dissuada Deus <strong>de</strong> seu<br />

amor por nós, e, sim, que <strong>de</strong>seja que o conhecimento e o vívido senso<br />

do amor sejam tão fortes em nós que o mesmo venha a vicejar em<br />

nossos corações, <strong>de</strong> uma maneira tal, que sempre triunfe em meio<br />

às trevas <strong>de</strong> nossas aflições. Tal como as nuvens, embora escureçam<br />

passageiramente a clara visão do sol, não nos privam totalmente <strong>de</strong><br />

sua luz, também a nós, em nossas adversida<strong>de</strong>s, Deus nos envia os<br />

raios <strong>de</strong> sua graça através <strong>de</strong> nossas trevas, a fim <strong>de</strong> que a tentação<br />

não nos vença e nos faça mergulhar em <strong>de</strong>sespero. Deveras, nossa<br />

fé <strong>de</strong>ve ascen<strong>de</strong>r com asas, movidas pelas promessas divinas, e<br />

penetrar o próprio céu, vencendo todos os obstáculos que tentam<br />

obstruir nossa jornada. A adversida<strong>de</strong>, é verda<strong>de</strong>, consi<strong>de</strong>rada em<br />

sua própria natureza, é um sinal da ira divina; mas quando o perdão<br />

e a reconciliação a tenham precedido, então passamos a compreen<strong>de</strong>r<br />

que, embora Deus nos puna, todavia jamais se esquecerá <strong>de</strong><br />

exercer sua mercê em nosso favor. Paulo nos lembra o que realmente<br />

merecemos, mas enquanto insiste em nossa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer<br />

arrependimento, também testifica não menos que a nossa salvação<br />

é especial objeto do cuidado divino.<br />

Ele fala <strong>de</strong> o amor <strong>de</strong> Cristo, porque o Pai, em Cristo, revelou sua<br />

compaixão para conosco. Portanto, visto que o amor <strong>de</strong> Deus não<br />

<strong>de</strong>ve ser visto fora <strong>de</strong> Cristo, então Paulo corretamente nos lembra<br />

esta verda<strong>de</strong>, para que a nossa fé possa contemplar o sereno semblante<br />

do Pai através dos fulgurantes raios da graça <strong>de</strong> Cristo.<br />

Sumariando, nenhuma adversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve minar nossa confiança<br />

<strong>de</strong> que, quando Deus nos é propício, nada po<strong>de</strong>rá ser contra nós.<br />

Há quem tome o amor <strong>de</strong> Cristo em sentido passivo, pelo amor por<br />

meio do qual o amamos, como se Paulo quisesse munir-nos <strong>de</strong> uma<br />

coragem invencível. 38 Mas este equívoco é facilmente <strong>de</strong>sfeito pelo<br />

38 Segundo Poole, alguns dos Pais <strong>de</strong>fendiam esta opinião, tais como Orígenes, Crisóstomo,<br />

Teodoreto e Ambrósio. Mas, mesmo Hammond e Grotius, gran<strong>de</strong>s admiradores dos Pais,<br />

consi<strong>de</strong>ravam este amor como aquele <strong>de</strong> Deus ou <strong>de</strong> Cristo por nós. Wolfius diz que todos<br />

os doutores luteranos apresentavam essa exposição. É <strong>de</strong>veras impossível consi<strong>de</strong>rar

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