27.05.2014 Views

Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 6 • 249<br />

corpo da existencialida<strong>de</strong> humana. 9 Certamente que po<strong>de</strong>mos, com<br />

segurança, inferir isto da presente passagem, pois a outra frase, a<br />

qual ele resumidamente acrescentará concernente às partes do<br />

corpo, esten<strong>de</strong>-se também à alma. Paulo, portanto, está a referir-se<br />

<strong>de</strong>preciativamente ao homem terreno, pois a corrupção <strong>de</strong> nossa<br />

natureza nos embaraça em nossas aspirações <strong>de</strong> tudo quanto é<br />

digno <strong>de</strong> nossa origem. O mesmo também diz Deus em Gênesis 6.3,<br />

quando se queixa <strong>de</strong> que o homem, à semelhança dos brutos, se<br />

tornou carnal, e nele nada mais resta senão uma natureza terrena.<br />

A afirmação <strong>de</strong> Cristo <strong>de</strong> que o que é nascido da carne é carne [Jo<br />

3.6] nos leva à mesma idéia. A objeção <strong>de</strong> que há diferença no caso<br />

da alma é facilmente respondida pela afirmação <strong>de</strong> que, em nosso<br />

presente estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>generescência, nossas almas estão voltadas<br />

para a terra, e se acham tão escravizadas a nossos corpos que per<strong>de</strong>u<br />

<strong>de</strong> vista sua própria excelência. Numa palavra, a natureza do homem<br />

é chamada corpórea [ou material], visto que ele tem sido privado da<br />

graça celestial [privatus coelesti gratia] e não passa <strong>de</strong> uma sombra<br />

ou imagem ilusória [fallax tantum umbra vel imago]. Existe o fato<br />

adicional <strong>de</strong> que este corpo é <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhosamente referido por Paulo<br />

como mortal com o propósito <strong>de</strong> ensinar-nos que toda a natureza<br />

humana está entregue à morte e <strong>de</strong>struição. Ele agora <strong>de</strong>nomina o<br />

pecado como sendo aquela <strong>de</strong>pravação original que habita em nossos<br />

corações, e o qual nos impele a pecar e do qual propriamente<br />

fluem todas nossas ações negativas e ímpias. O apóstolo situa a<br />

concupiscência entre o pecado e nós, <strong>de</strong> modo que o pecado, por<br />

assim dizer, se assenhoreia <strong>de</strong> nós, enquanto nossos <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nados<br />

são <strong>de</strong>cretos e mandamentos do pecado.<br />

9 Ou, seja, como um ser corrupto. Literalmente, “por toda a massa do homem”. O ‘corpo’,<br />

aqui, po<strong>de</strong> ter a mesma equivalência que “o velho homem” do versículo 6; e a palavra<br />

para ‘concupiscência’, ἐπιθυμίαις, é às vezes aplicada para <strong>de</strong>signar os <strong>de</strong>sejos da mente<br />

tanto quanto das luxúrias do corpo natural. A palavra θνητω, ‘mortal’, neste caso significaria<br />

con<strong>de</strong>nado a morrer, tendo sido crucificado; é um corpo no processo <strong>de</strong> extinção. O<br />

pecado inato é aqui personificado como um rei, um governante, e, como tendo um corpo,<br />

ele é “o velho homem”; e esse corpo é representado como que pertencendo aos cristãos<br />

– ‘seu’, como o velho homem é – ‘nosso’ velho homem.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!