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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 391<br />

divina. Notemos particularmente as expressões <strong>de</strong> quem quer e a<br />

quem lhe apraz. Paulo não permite que avancemos além disso.<br />

O termo endurecer, quando aplicado a Deus, na Escritura, implica<br />

não mera permissão (como alguns exegetas fracos o interpretariam),<br />

mas também a ação da ira divina. Todas as circunstâncias que contribuem<br />

para a cegueira dos réprobos são instrumentos <strong>de</strong> sua ira.<br />

Satanás mesmo, que opera interiormente com seu po<strong>de</strong>r compelidor,<br />

é ministro <strong>de</strong> Deus, <strong>de</strong> tal maneira que ele só age em obediência à<br />

or<strong>de</strong>m divina. 19 A evasiva trivial sustentada pelos escolásticos com<br />

respeito à presciência cai, portanto, por terra. Paulo não nos informa<br />

que a ruína dos ímpios é prevista pelo Senhor, e, sim, que é or<strong>de</strong>nada<br />

por seu conselho e vonta<strong>de</strong>. Salomão igualmente nos ensina que a<br />

<strong>de</strong>struição dos ímpios não foi apenas conhecida antecipadamente,<br />

mas que os ímpios mesmos foram criados com o propósito específico<br />

<strong>de</strong> perecerem [Pv 16.4].<br />

19. Tu, porém, me dirás: De que se<br />

queixa ele ainda? Pois quem jamais<br />

resistiu a sua vonta<strong>de</strong>?<br />

20. Quem és tu, ó homem, para discutires<br />

com Deus?! Porventura po<strong>de</strong> o<br />

objeto perguntar a quem o fez: Por<br />

que me fizeste assim?<br />

19. Dices itaque mihi, Quid adhuc<br />

conqueritur? voluntati ejus quis<br />

restitit?<br />

20. Atqui, O homo, tu quis es qui contendis<br />

judicio cum Deo! num dicit<br />

fictile figulo, cur me sic fecisti?<br />

19 Muito se tem <strong>de</strong>snecessariamente escrito sobre este tema do endurecimento. Lemos<br />

várias vezes que Faraó endureceu seu próprio coração, e lemos várias vezes que Deus<br />

também o endureceu. A Escritura, em muitos casos, não faz nenhuma distinção, porque<br />

estes po<strong>de</strong>m ser facilmente reunidos do teor geral <strong>de</strong> seu ensino. Deus é em sua natureza<br />

santo, e portanto endurecer como um ato seu não po<strong>de</strong> ser pecaminoso; e visto ser santo,<br />

ele o<strong>de</strong>ia o pecado e o castigo; e com esse propósito ele emprega homens ímpios, e até<br />

mesmo o próprio Satanás, como no caso <strong>de</strong> Acabe. Como castigo, ele oferece ocasiões<br />

e oportunida<strong>de</strong>s aos obstinados para aumentarem seus pecados, e assim, <strong>de</strong> um modo<br />

indireto, ele os endurece em sua rebelião e resistência a sua vonta<strong>de</strong>. E este foi exatamente<br />

o caso <strong>de</strong> Faraó. Esta, diz Calvino, foi a operação ou obra da ira divina. A história <strong>de</strong><br />

Faraó é uma explicação suficiente do que se diz aqui. Ele era um tirano e opressor cruel;<br />

e Deus, em sua primeira mensagem a Moisés, disse: “Estou certo <strong>de</strong> que o rei do Egito<br />

não os <strong>de</strong>ixará ir, nem mesmo com mão po<strong>de</strong>rosa.” Deus po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> fato ter abrandado<br />

seu coração e o disposto a permitir que partissem; mas aprouve-lhe agir <strong>de</strong> outra forma<br />

e manifestar seu po<strong>de</strong>r e sua gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> outra forma; <strong>de</strong> modo que, “a quem ele quer,<br />

favorece; e a quem ele quer, endurece”; e por razões só <strong>de</strong>le conhecidas.

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