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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 301<br />

meio. Embora ensine a justiça, contudo não a po<strong>de</strong> conferir, senão<br />

que, ao contrário, nos mantém sob a servidão do pecado e da morte<br />

por meio <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias ainda mais fortes.<br />

Portanto, o significado da cláusula é o seguinte: A lei <strong>de</strong> Deus con<strong>de</strong>na<br />

os homens porque, enquanto permanecerem sob a obrigação<br />

da lei, são oprimidos pela escravidão do pecado, e assim se vêem<br />

culpados <strong>de</strong> morte. O Espírito <strong>de</strong> Cristo, contudo, abole em nós a<br />

lei do pecado, ao corrigir os <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nados da carne, e ao<br />

mesmo tempo nos livra da culpa <strong>de</strong> morte. Po<strong>de</strong>-se objetar que neste<br />

caso o perdão, pelo qual nossas ofensas são sepultadas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

nossa regeneração. Isto é facilmente respondível. Paulo não está aqui<br />

<strong>de</strong>terminando a razão, mas simplesmente especificando a maneira<br />

como somos isentos <strong>de</strong> culpa. Ele nega que obtemos o livramento<br />

pelo ensino externo da lei. Ao sermos renovados pelo Espírito <strong>de</strong><br />

Deus, contudo, somos ao mesmo tempo também justificados mediante<br />

o perdão gracioso, <strong>de</strong> sorte que a maldição oriunda do pecado<br />

não po<strong>de</strong> mais nos ferir. A cláusula, pois, tem o mesmo significado<br />

como se Paulo estivesse dizendo que a graça da regeneração jamais<br />

vem dissociada da imputação da justiça.<br />

Não ouso, como o fazem alguns intérpretes, consi<strong>de</strong>rar a lei do<br />

pecado e da morte no mesmo sentido que lei <strong>de</strong> Deus. Tal expressão<br />

parece por <strong>de</strong>mais abrupta. Ainda que pelo aumento do pecado a lei<br />

po<strong>de</strong> produzir a morte, Paulo, acima, <strong>de</strong>liberadamente <strong>de</strong>clinou <strong>de</strong><br />

usar esta expressão hostil. Ao mesmo tempo, contudo, não posso<br />

compartilhar da opinião dos que explicam a lei do pecado como<br />

sendo a concupiscência da carne, como se Paulo houvesse dito que<br />

a havia vencido. Segundo creio, logo se evi<strong>de</strong>nciará plenamente que<br />

Paulo está falando da absolvição imerecida, a qual nos traz aquela<br />

imperturbável paz com Deus. Preferi conservar a palavra lei, em vez<br />

<strong>de</strong> traduzi-la, como o fez Erasmo, por direito ou po<strong>de</strong>r. Paulo não faz<br />

alusão à lei <strong>de</strong> Deus sem a <strong>de</strong>vida pon<strong>de</strong>ração. 2<br />

2 Calvino, em sua exposição <strong>de</strong>ste versículo, seguiu Crisóstomo, e o mesmo ponto <strong>de</strong> vista<br />

foi assumido por Beza, Grotius, Vitringa, Doddridge, Scott e Chalmers. Mas Pareus, seguindo

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