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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 8 • 327<br />

forma 20 que também tomamos posse <strong>de</strong>la.” Não tenhamos receio,<br />

como alguns o fazem, <strong>de</strong> que Paulo esteja assim atribuindo ao nosso<br />

labor a causa <strong>de</strong> glória eterna. Esta forma <strong>de</strong> expressão é comum na<br />

Escritura. Não obstante, ele está enfatizando a or<strong>de</strong>m que o Senhor<br />

segue ao ministrar-nos a salvação, e não a causa da mesma. Ele já<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u suficientemente a graciosa mercê divina contra os méritos<br />

das obras. Agora, ao exortar-nos à paciência, não argumenta quanto à<br />

fonte <strong>de</strong> nossa salvação, e, sim, quanto ao método que Deus emprega<br />

em governar seu povo.<br />

18. Porque 21 consi<strong>de</strong>ro que os sofrimentos do tempo presente<br />

não são dignos <strong>de</strong> ser comparados. Embora seja plenamente<br />

apropriado tomar esta expressão como uma espécie <strong>de</strong> correção,<br />

prefiro consi<strong>de</strong>rá-la como uma ampliação <strong>de</strong> sua exortação, à guisa<br />

<strong>de</strong> antecipar uma objeção, neste sentido: “Não <strong>de</strong>ve preocupar-nos<br />

se temos <strong>de</strong> passar para a glória celestial através <strong>de</strong> muitas aflições,<br />

visto que estas, comparadas com a gran<strong>de</strong>za daquela glória, se tornam<br />

<strong>de</strong> diminuta importância.” O apóstolo acrescenta: com a glória<br />

por vir a ser revelada em nós em lugar <strong>de</strong> eterna glória, da mesma<br />

forma que refere os sofrimentos do mundo que passam rapidamente<br />

como os sofrimentos <strong>de</strong>ste tempo presente.<br />

Disto se faz evi<strong>de</strong>nte que esta passagem foi completamente mal<br />

interpretada pelos escolásticos, os quais têm extraído <strong>de</strong>la suas<br />

distinções frívolas, ou seja: entre congruida<strong>de</strong> e condignida<strong>de</strong>. O<br />

apóstolo não está comparando cada um <strong>de</strong>sses elementos, e, sim,<br />

está amenizando o peso da cruz ao compará-la com a gran<strong>de</strong>za da<br />

glória, com o fim <strong>de</strong> confirmar em paciência as mentes dos crentes.<br />

20 A partícula εἴπερ é traduzida aqui da mesma forma por Ambrósio e Beza: “si modo – se<br />

nesse caso”; por Crisóstomo e Peter Martyr, porém, no sentido <strong>de</strong> ἐπειδὰν, “quandoqui<strong>de</strong>m<br />

– <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que”; “<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que soframos juntos a fim <strong>de</strong> que possamos também ser juntamente<br />

glorificados.” A Vulgata tem “si tamen – se, contudo”. Po<strong>de</strong> ser a<strong>de</strong>quadamente traduzido<br />

“contanto que”.<br />

21 A partícula γὰρ não po<strong>de</strong> ser causal aqui. Seu sentido primário é verda<strong>de</strong>iramente, <strong>de</strong>veras<br />

ou na verda<strong>de</strong>, ainda que comumente tenha seu sentido secundário, pois, porque, por<br />

isso. O contexto é nosso guia. Quando não se diz nada previamente, pelo quê se dá uma<br />

razão, então ela não tem nenhum sentido afirmativo; ou, como pensam alguns, <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rada como uma partícula <strong>de</strong> transição, ou significando uma adição, e po<strong>de</strong> ser<br />

traduzida além <strong>de</strong>, além do mais, <strong>de</strong>mais. Talvez este significado seja a<strong>de</strong>quado aqui.

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