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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 9 • 385<br />

evi<strong>de</strong>nte. Portanto, visto parecer absurdo que alguns sejam preferidos<br />

a outros, sem [levar em conta] qualquer mérito, a impudência<br />

humana entra em controvérsia com Deus, como se ele mostrasse<br />

mais respeito por alguns do que o permitiria o direito. É necessário<br />

ver agora como Paulo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a justiça divina.<br />

Em primeiro lugar, o apóstolo não preten<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma alguma<br />

obscurecer ou ocultar o que viu, como se fosse algo aversivo, mas<br />

persiste em asseverá-lo com <strong>de</strong>terminada constância. Em segundo<br />

lugar, não busca paliativos para encontrar razões com quê suavizar<br />

as asperezas da doutrina, senão que se contenta em reprimir as<br />

objeções ofensivas e atrevidas através do testemunho da Escritura.<br />

A apologia <strong>de</strong> Paulo, <strong>de</strong> que Deus não é <strong>de</strong> forma alguma injusto,<br />

só porque é misericordioso em relação àqueles <strong>de</strong> quem se agrada,<br />

po<strong>de</strong> aparentar carência <strong>de</strong> entusiasmo. Mas visto que Deus<br />

consi<strong>de</strong>ra somente sua autorida<strong>de</strong> como suficiente, <strong>de</strong> modo a não<br />

necessitar <strong>de</strong> nenhum outro <strong>de</strong>fensor, o apóstolo se sentia satisfeito<br />

com o fato <strong>de</strong> Deus ser o <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong> seu próprio direito. O apóstolo<br />

aqui apresenta a resposta que Moisés recebeu do Senhor, quando<br />

orou pela salvação <strong>de</strong> todo o povo. “Terei misericórdia <strong>de</strong> quem eu<br />

quiser ter misericórdia, e me compa<strong>de</strong>cerei <strong>de</strong> quem eu quiser me<br />

compa<strong>de</strong>cer” [ x 33.19]. Por esta <strong>de</strong>claração, o Senhor afirmou que<br />

não era <strong>de</strong>vedor a ninguém, e que tudo lhes conce<strong>de</strong>ra em razão <strong>de</strong><br />

sua graciosa benevolência. Em segundo lugar, que esta liberalida<strong>de</strong> é<br />

gratuita, <strong>de</strong> modo que a confere a quem quiser conferir. E, finalmente,<br />

nenhuma razão mais elevada do que sua própria vonta<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

concebida, pela qual ele <strong>de</strong>ve fazer o bem e revelar sua graça apenas<br />

a alguns, e não a todos. As palavras realmente significam: “Jamais<br />

retirarei minha misericórdia da pessoa em favor <strong>de</strong> quem uma vez<br />

propus <strong>de</strong>monstrá-la; e conce<strong>de</strong>rei contínua liberalida<strong>de</strong> àquele em<br />

favor <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>terminei ser liberal.” Deus assim fixa como a causa<br />

primeira para conce<strong>de</strong>r a graça seu próprio propósito soberano, e<br />

ao mesmo tempo ratifica que <strong>de</strong>terminara ter misericórdia particularmente<br />

<strong>de</strong> alguns. A linguagem específica usada aqui exclui todas

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