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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 12 • 511<br />

Aqui, o apóstolo não só nos proíbe <strong>de</strong> tomar a vingança em<br />

nossas mãos, mas também <strong>de</strong> permitir que nossos corações sejam<br />

tentados por esse <strong>de</strong>sejo. Fazer aqui distinção entre vingança pública<br />

e privativa é, portanto, supérfluo. A pessoa que recorre ao auxílio do<br />

magistrado com o coração sobrecarregado com malévolo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

vingança não merece mais escusa do que se engendrasse meios <strong>de</strong><br />

executar a vingança com suas próprias mãos. De fato, como veremos<br />

logo a seguir, não <strong>de</strong>vemos nem mesmo pedir a Deus que nos vingue.<br />

Caso nossas petições emanem <strong>de</strong> nossos sentimentos pessoais, e não<br />

do santo zelo do Espírito, não <strong>de</strong>ixaremos a Deus o papel <strong>de</strong> nosso<br />

Juiz; ao contrário, seremos servos <strong>de</strong> nossos <strong>de</strong>sejos corruptos.<br />

Portanto, só nos é possível dar lugar à ira quando esperamos<br />

pacientemente o tempo certo <strong>de</strong> nosso livramento, orando nesse<br />

ínterim para que aqueles que agora nos trazem sofrimento se arrependam<br />

e se transformem em nossos amigos [e irmãos].<br />

Porque está escrito: A vingança me pertence. O apóstolo extrai<br />

sua comprovação do cântico <strong>de</strong> Moisés [Dt 32.35], on<strong>de</strong> o Senhor<br />

<strong>de</strong>clara que ele tomará vingança <strong>de</strong> seus inimigos. Os inimigos <strong>de</strong><br />

Deus são todos aqueles que oprimem seus servos sem uma razão<br />

plausível. “Aquele que vos tocar”, diz ele, “tocará a menina <strong>de</strong> meus<br />

olhos” [Zc 2.8]. Portanto, estejamos satisfeitos com a consolação<br />

<strong>de</strong> que aqueles que nos causam tribulação sem o merecermos não<br />

escaparão impunemente, nem nos faremos mais sujeitos ou mais<br />

expostos às injúrias dos ímpios por suportá-las. Ao contrário disso,<br />

<strong>de</strong>ixaremos com o Senhor, que é nosso único Juiz e Libertador, a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prover-nos livramento.<br />

Embora não <strong>de</strong>vamos orar a Deus pedindo que nos vingue <strong>de</strong><br />

nossos inimigos, mas, sim, orar em favor <strong>de</strong> sua conversão para que<br />

venham eles a tornar-se nossos amigos, todavia, se prosseguirem<br />

significado é o do homem prejudicado que <strong>de</strong>ve dar lugar a sua própria ira, isto é, dar<br />

tempo para esfriar. Mas a passagem não comporta esse ponto <strong>de</strong> vista. O tema consiste<br />

em que um cristão não <strong>de</strong>ve retaliar ou <strong>de</strong>volver ira por ira, mas suportar a ira <strong>de</strong> seu<br />

inimigo e <strong>de</strong>ixar o assunto nas mãos divinas. A citação concorda com este sentido, e da<br />

mesma forma com o dado por Calvino.

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