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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 7 • 285<br />

se os mesmos fossem bois ou asnos. Somos tão completamente<br />

manipulados pelo po<strong>de</strong>r do pecado, que toda a nossa mente, todo<br />

o nosso coração e todas as nossas ações se acham inclinados para<br />

o pecado. Sempre excluo a compulsão, visto que pecamos <strong>de</strong> nosso<br />

próprio arbítrio. Pecado não seria propriamente pecado se porventura<br />

não fosse cometido voluntariamente. Entretanto, estamos tão<br />

afeitos ao pecado, que nada fazemos <strong>de</strong> nosso próprio arbítrio senão<br />

pecar. Porque a malda<strong>de</strong> que exerce domínio em nosso íntimo nos<br />

leva a isso. Portanto, esta compulsão não significa, por assim dizer,<br />

coibição forçada, e, sim, obediência voluntária, à qual uma servidão<br />

congênita nos inclina.<br />

15. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo <strong>de</strong><br />

agir. Ele agora nos conduz a um exemplo mais específico <strong>de</strong> alguém<br />

que já passou pela regeneração. 21 Em tal indivíduo, os dois objetivos<br />

intencionados por Paulo surgem com mais clareza, ou seja: a gran<strong>de</strong><br />

diferença existente entre a lei <strong>de</strong> Deus e a natureza humana, bem<br />

como a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a lei, por inerência, produzir morte. O<br />

homem carnal se precipita para o pecado em total obediência à inclinação<br />

<strong>de</strong> sua mente, aparentemente pecando <strong>de</strong> sua livre escolha,<br />

como se estivesse em seu po<strong>de</strong>r o governar-se. Esta mui perniciosa<br />

opinião tem sido quase universalmente aceita, ou seja: que o homem,<br />

por suas próprias faculda<strong>de</strong>s naturais, e sem a assistência da graça<br />

divina, po<strong>de</strong> escolher qualquer conduta que porventura <strong>de</strong>seje.<br />

Todavia, quando a vonta<strong>de</strong> do crente é direcionada pelo Espírito<br />

<strong>de</strong> Deus, para a prática do bem, a <strong>de</strong>pravação da natureza [humana]<br />

surge nele nitidamente, resistindo e reagindo obstinadamente<br />

contra tudo quanto se lhe opõe. O indivíduo regenerado, portanto,<br />

produz o mais oportuno exemplo para inteirar-nos <strong>de</strong> quão extensa<br />

é a <strong>de</strong>sarmonia existente entre nossa natureza e a justiça da lei. O<br />

21 Deste fato transparece que Calvino não disse as palavras prece<strong>de</strong>ntes: “Eu sou carnal, vendido<br />

ao pecado”, da mesma forma. Mas elas, evi<strong>de</strong>ntemente, estão conectadas entre si. São<br />

<strong>de</strong>veras palavras fortes, e alguns as explicam <strong>de</strong> uma maneira que as tornam totalmente<br />

ina<strong>de</strong>quadas a uma pessoa renovada; Devemos, porém, tomar a explicação como dada pelo<br />

próprio Apóstolo no que se segue, pois ele trabalha o tema até o final do capítulo.

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