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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 7 • 275<br />

Pois não teria conhecido a cobiça. Esta, pois, é uma explicação<br />

da cláusula anterior, na qual ele mostra que a ignorância quanto ao<br />

pecado, da qual já nos falou, se <strong>de</strong>ve ao impedimento <strong>de</strong> alguém<br />

perceber sua própria concupiscência. O apóstolo, <strong>de</strong>liberadamente,<br />

insiste sobre este gênero <strong>de</strong> pecado, no qual a hipocrisia é o fator<br />

especialmente dominante, e o qual está sempre conectado à excessiva<br />

tolerância e à falsa confiança. Os homens nunca se acham tão<br />

<strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> juízo que são impedidos <strong>de</strong> fazer distinção entre as<br />

obras externas. Aliás, na verda<strong>de</strong> são sempre compelidos a con<strong>de</strong>nar<br />

os conselhos ímpios e vícios congêneres. Entretanto, não po<strong>de</strong>m fazer<br />

isso sem antes conferir o <strong>de</strong>vido louvor a uma mente honesta. O<br />

pecado da concupiscência é algo muito mais secreto e profundamente<br />

oculto. Eis a razão por que os homens nunca levam isso em conta,<br />

enquanto julgarem segundo seus próprios sentimentos. Não é preciso<br />

pressupor que Paulo se vangloriasse <strong>de</strong> ter vivido completamente<br />

isento <strong>de</strong> concupiscência. Pois ele nunca foi tão con<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte<br />

consigo mesmo que <strong>de</strong>ixasse <strong>de</strong> perceber que tal pecado estivesse<br />

sempre à espreita em seu coração. Embora, por algum tempo, vivesse<br />

enganado, visto que não cria que sua justiça pu<strong>de</strong>sse ser obstruída<br />

por sua concupiscência, todavia percebeu, finalmente, que era um<br />

pecador, quando <strong>de</strong>scobriu que a concupiscência, da qual nenhum<br />

ser humano escapa, era na verda<strong>de</strong> proibida pela lei.<br />

Agostinho afirma que Paulo, nesta expressão, incluiu todo o<br />

conteúdo da lei. Isto, se for corretamente entendido, é verda<strong>de</strong>iro.<br />

Moisés, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mostrar quais as ações que <strong>de</strong>vemos evitar a fim<br />

<strong>de</strong> não errarmos contra o nosso próximo, adiciona esta proibição<br />

concernente à concupiscência que vemos referida em todas as<br />

suas proibições. É plenamente certo que nos mandamentos prece<strong>de</strong>ntes<br />

Moisés haja con<strong>de</strong>nado todas as tendências corruptas que<br />

concebemos em nossos corações. Entretanto, existe uma gran<strong>de</strong><br />

diferença entre um propósito <strong>de</strong>liberado e os <strong>de</strong>sejos pelos quais<br />

somos tentados. Deus, portanto, neste último mandamento, exige<br />

<strong>de</strong> nós uma integrida<strong>de</strong> tal que não <strong>de</strong>vemos permitir que nenhum

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