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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 13 • 517<br />

Porque não há autorida<strong>de</strong> que não proceda <strong>de</strong> Deus. A razão<br />

por que <strong>de</strong>vemos estar sujeitos aos magistrados é que eles foram<br />

<strong>de</strong>signados pela or<strong>de</strong>nação divina. Se a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus é que o<br />

mundo seja governado <strong>de</strong>sta maneira, então aqueles que <strong>de</strong>sprezam<br />

sua autorida<strong>de</strong> estão lutando por subverter a or<strong>de</strong>m divina,<br />

e estão, portanto, resistindo a Deus mesmo, já que <strong>de</strong>sprezar a<br />

providência daquele que é o Autor do governo civil [iuris politici]<br />

é <strong>de</strong>clarar guerra contra ele mesmo. Devemos enten<strong>de</strong>r, além do<br />

mais, que a autorida<strong>de</strong> dos magistrados proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, não como<br />

proce<strong>de</strong>m <strong>de</strong>le a pestilência, a fome, a guerra e outros castigos em<br />

<strong>de</strong>corrência do pecado, mas porque ele <strong>de</strong>signou os magistrados<br />

para que governem o mundo <strong>de</strong> forma justa e legítima. Ainda que<br />

as autorida<strong>de</strong>s ditatoriais e injustas não <strong>de</strong>vam ser classificadas<br />

como governos or<strong>de</strong>iros, todavia o direito <strong>de</strong> governar é or<strong>de</strong>nado<br />

por Deus visando ao bem-estar da humanida<strong>de</strong>. Visto, pois, ser lícito<br />

repudiar as guerras e provi<strong>de</strong>nciar remédios para outros males, o<br />

apóstolo nos or<strong>de</strong>na a que livre e voluntariamente respeitemos e<br />

honremos o direito e a autorida<strong>de</strong> dos magistrados como sendo algo<br />

indispensável à humanida<strong>de</strong>. Os castigos que Deus inflige sobre os<br />

pecados da humanida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m não ser apropriadamente chamados<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>nanças, mas são meios que Deus propositadamente <strong>de</strong>stina<br />

para a preservação da or<strong>de</strong>m legal.<br />

2. Resiste a or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Deus. Visto que ninguém po<strong>de</strong> resistir<br />

a Deus sem trazer ruína sobre si próprio, Paulo adverte que aqueles<br />

que, a este respeito, se opõem à providência divina não se sairão<br />

impunemente. Devemos, pois, tomar cuidado para não incorrermos<br />

nesta con<strong>de</strong>nação. Entendo o termo juízo 4 não simplesmente como<br />

aquela punição que é infligida pelo magistrado, como se a intenção<br />

ao po<strong>de</strong>r exercido com justiça. Ele não entra em questões <strong>de</strong> tirania e opressão. E essa<br />

provavelmente é a razão por que ele não põe limites à obediência requerida. Ele nada<br />

mais contemplava senão o uso legítimo do po<strong>de</strong>r.<br />

4 ‘Judicium’, κρίμα; alguns o traduzem por ‘castigo’; Beza, ‘con<strong>de</strong>nação’. A palavra é usada<br />

em ambos os sentidos. Mas, segundo o teor da primeira parte do versículo, parece que o<br />

apóstolo tem em mente aquilo que é aplicado por Deus.

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