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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 4 • 193<br />

tão <strong>de</strong>sgastado e vivera tão exaustivamente em meio a tantas lutas<br />

quantos eram seus anos. Finalmente, seu corpo não é qualificado <strong>de</strong><br />

improdutivo sem qualquer critério, mas comparativamente. Não se<br />

assemelhava a alguém que no pleno vigor <strong>de</strong> sua vida fosse incapaz<br />

<strong>de</strong> reprodução, e que <strong>de</strong> repente começasse, precisamente quando<br />

sua virilida<strong>de</strong> entrou em <strong>de</strong>cadência.<br />

A expressão sem se enfraquecer na fé <strong>de</strong>ve ser entendida no<br />

sentido em que Abraão não hesitou, nem vacilou, como suce<strong>de</strong> conosco<br />

em tempos <strong>de</strong> incertezas. A fé enfrenta uma dupla fraqueza<br />

[em nós]: uma é aquela que sucumbe às tentações provindas das<br />

adversida<strong>de</strong>s [exteriores], e nos leva a nos afastarmos do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

Deus; a outra é aquela que surge <strong>de</strong> [nossas próprias] imperfeições,<br />

mas que não extingue a fé propriamente dita. A mente nunca está tão<br />

iluminada que impeça resquícios <strong>de</strong> ignorância; e o coração nunca<br />

está tão estabelecido que impeça algum laivo <strong>de</strong> dúvida. Portanto,<br />

os fiéis estão continuamente em conflito com a ignorância e com<br />

a dúvida, que são vícios da carne. Neste conflito, sua fé é às vezes<br />

abalada e afligida, mas que, finalmente, emerge vitoriosa, <strong>de</strong> modo<br />

que, em sua própria fraqueza, os fiéis recor<strong>de</strong>m que é nas fraquezas<br />

que eles encontram sua maior força.<br />

20. Não duvidou da promessa <strong>de</strong> Deus, por uma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

incredulida<strong>de</strong>. Tenho boas razões para minha tradução, embora<br />

não tenha seguido nem a Vulgata e nem a Erasmo. Tudo indica que<br />

a intenção do apóstolo era dizer que Abraão não pesava a evidência<br />

na balança da incredulida<strong>de</strong> para ver se o Senhor cumpriria ou não<br />

sua promessa. Averiguação a<strong>de</strong>quada, em qualquer assunto, significa<br />

que o examinamos com imparcialida<strong>de</strong>, e recusamos admitir qualquer<br />

coisa que aparente credibilida<strong>de</strong> sem completa investigação. 18<br />

18 O verbo é διεκρίθη, o qual Calvino traduz por ‘disquisivit’. O significado mais comum do<br />

verbo é hesitar, duvidar; tem o sentido <strong>de</strong> explorar e examinar, na voz ativa, como em 1<br />

Coríntios 11.31, mas não na voz passiva. Vejam-se Mateus 21.21; Marcos 11.23; Atos 10.20.<br />

A versão <strong>de</strong> Pareus é “non disceptavit – ele não disputou”, e também <strong>de</strong> Macknight. Mas os<br />

pais, e muitos mo<strong>de</strong>rnos, tais como Beza, Hammond, Stuart e outros, têm traduzido a sentença<br />

assim: “Ele não duvidou.” Phavorinus diz, como citado por Poole, que διακρίνεσθαι é<br />

duvidar, hesitar, disputar, <strong>de</strong>sconfiar (diffi<strong>de</strong>re).

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