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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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170 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

4. Ora, ao que trabalha, o salário não<br />

é consi<strong>de</strong>rado como favor, e, sim,<br />

como dívida.<br />

5. Mas, ao que não trabalha, porém crê<br />

naquele que justifica o ímpio, sua fé<br />

lhe é creditada para justiça.<br />

4. Ei qui<strong>de</strong>m qui operatur merces non<br />

imputatur secundum gratiam, sed<br />

secundum <strong>de</strong>bitum:<br />

5. Ei verò qui non operatur, credit autem<br />

in eum qui justificat impium,<br />

imputatur fi<strong>de</strong>s sua in justitiam.<br />

4. Ora, ao que trabalha. Pela expressão, “ao que trabalha”, Paulo<br />

não tem em mente a pessoa que vive na prática <strong>de</strong> boas obras, ocupação<br />

esta que <strong>de</strong>ve ser zelosamente <strong>de</strong>senvolvida por todos os filhos<br />

<strong>de</strong> Deus, mas aquele que merece algo por seus próprios empreendimentos.<br />

Semelhantemente, pela expressão, “ao que não trabalha”, ele<br />

preten<strong>de</strong> ensinar sobre alguém a quem nada se <strong>de</strong>ve pelos méritos<br />

<strong>de</strong> suas realizações. Deus não procura crentes que sejam indolentes,<br />

senão que simplesmente os proíbe <strong>de</strong> serem mercenários, a exigirem<br />

<strong>de</strong> Deus alguma coisa que lhes pertença por direito.<br />

Já afirmamos que a discussão, aqui, não é como <strong>de</strong>vamos nós<br />

regulamentar nossa vida, mas, antes, se preocupa com nossa salvação.<br />

O argumento do apóstolo parte dos opostos, ou, seja: que Deus<br />

não comunica justiça como dívida, mas no-la conce<strong>de</strong> como dádiva.<br />

Concordo com Bucer que prova que a forma do argumento <strong>de</strong> Paulo<br />

não se <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma única expressão, mas <strong>de</strong> toda uma sentença,<br />

assim: “Se existe alguém que mereça algo como pagamento por seu<br />

trabalho, o qual não lhe é gratuitamente imputado, senão que se paga<br />

o que lhe é <strong>de</strong>vido.” A fé é computada como justiça, não porque ela<br />

extraia <strong>de</strong> nós algum mérito, mas porque repousa na munificência<br />

divina. Portanto, a justiça não é um crédito em nosso favor; é, ao contrário,<br />

algo graciosamente concedido. Visto que Cristo nos justifica<br />

por meio da fé, segundo seu próprio beneplácito, Paulo sempre vê<br />

nisto nossa renúncia, pois em que cremos senão que Cristo é nossa<br />

expiação para reconciliar-nos com Deus? A mesma verda<strong>de</strong> é apresentada<br />

com termos distintos em Gálatas 3.11 e 12, on<strong>de</strong> lemos: “E<br />

é evi<strong>de</strong>nte que pela lei ninguém é justificado diante <strong>de</strong> Deus, porque<br />

o justo viverá pela fé. Ora, a lei não proce<strong>de</strong> <strong>de</strong> fé, mas: Aquele que

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