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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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258 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

também Cristo, em João 3.12, diz que se referia às coisas terrenas, ao<br />

falar dos mistérios celestiais. Contudo, ele não diz isso com tanta sublimida<strong>de</strong><br />

quanto requeria a dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu tema, visto que se acomodava<br />

à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas ignorantes e simplórias. O apóstolo<br />

fala assim à guisa <strong>de</strong> prefácio, para melhor provar o grosseiro e vil<br />

caráter dos caluniadores que imaginavam que a liberda<strong>de</strong> obtida por<br />

Cristo nos dá permissão para pecarmos. Ao mesmo tempo, também<br />

admoesta os crentes, dizendo que não há maior absurdo – para não<br />

dizer maior <strong>de</strong>sonra e ignomínia – do que a graça espiritual <strong>de</strong> Cristo<br />

exercer menos influência sobre eles que a liberda<strong>de</strong> terrena. Como<br />

a dizer: “Ao comparar pecado e justiça, estou vos <strong>de</strong>monstrando<br />

sobre quão maior <strong>de</strong>ve ser o entusiasmo que <strong>de</strong>monstrais ao ser<strong>de</strong>s<br />

atraídos ao serviço da justiça do que o que <strong>de</strong>monstrais em vossa<br />

obediência ao pecado. Porém omito tal comparação, para revelar<br />

complacência por vossa fraqueza. Contudo, para que eu vos trate<br />

com a mais profunda indulgência, seguramente me sinto obrigado a<br />

exigir <strong>de</strong> vós pelo menos que não pratiqueis a justiça <strong>de</strong> uma forma<br />

mais fria ou menos cuidadosa do que servis ao pecado.” Paulo evita<br />

aqui <strong>de</strong>clarar o seu significado pleno, como quando alguém <strong>de</strong>seja<br />

ser entendido mais do que as palavras exprimem. Entretanto, ele<br />

ainda os exorta, quando suas palavras não parecem exigir tanto, 16 a<br />

obe<strong>de</strong>cerem à justiça com mais cuidado, visto que ela é mais digna<br />

<strong>de</strong> ser servida do que o pecado.<br />

Assim oferecei agora vossos membros. Ou, seja: antes, a prontidão<br />

com que todas vossas faculda<strong>de</strong>s obe<strong>de</strong>ciam ao pecado claramente<br />

evi<strong>de</strong>nciava quão lamentável condição a <strong>de</strong>pravação <strong>de</strong> vossa<br />

carne vos mantinha em prisão e em servidão. Se<strong>de</strong> agora, portanto,<br />

16 A frase é tomada indiferentemente: Ἀνθρώπινον λέγω. – “Falo o que é humano”, isto é,<br />

o que proporciona força ao homem, diz Crisóstomo – o que se faz e se conhece na vida<br />

comum, como em Gálatas 3.15, ou o que é mo<strong>de</strong>rado, diz Hammond – o que está no nível<br />

intelectual do homem, diz Vatablus. O primeiro que Hammond propõe é o significado<br />

mais a<strong>de</strong>quado aqui; pois o apóstolo previamente usara razões e argumentos, bem como<br />

similitu<strong>de</strong>s sacras; porém ele agora chega ao que é conhecido na vida comum entre os<br />

homens, a conexão entre donos e escravos, e fez isso em con<strong>de</strong>scendência por suas fraquezas<br />

, o que ele chama fraqueza da carne, isto é, a fraqueza da qual a carne, <strong>de</strong>pravada<br />

por natureza, era a causa; era a fraqueza oriunda da carne.

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