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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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94 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

sim, que os chama ao arrependimento. Se alguém objetar dizendo que<br />

o Senhor está insistindo com ouvidos moucos, enquanto que ele não<br />

toca os recessos <strong>de</strong> seus corações, nossa resposta <strong>de</strong>ve ser que, neste<br />

exemplo, é nossa própria natureza perversa que será responsabilizada.<br />

Prefiro conduzir em vez <strong>de</strong> chamar, pois é mais significativo. Contudo,<br />

não o tomo no sentido <strong>de</strong> impelir, mas no sentido <strong>de</strong> guiar pela mão.<br />

5. Mas, segundo tua dureza e coração impenitente, entesouras<br />

para ti mesmo. A impenitência vem em seguida quando nos tornamos<br />

endurecidos ante as admoestações do Senhor, pois aqueles que não<br />

anseiam pelo arrependimento, outra coisa não fazem senão provocar<br />

abertamente o Senhor. 4<br />

Desta notável passagem po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r aquilo sobre o qual já<br />

me referi, ou, seja: que os ímpios não só acumulam para si mesmos,<br />

diariamente, o mais pesado juízo divino durante sua existência terrena,<br />

mas também os dons divinos, os quais continuamente <strong>de</strong>sfrutam, agravarão<br />

sua con<strong>de</strong>nação, visto que serão convocados para que dêem conta<br />

dos mesmos. Eles, pois, <strong>de</strong>scobrirão que serão acusados <strong>de</strong> impieda<strong>de</strong><br />

máxima, justamente pelo fato <strong>de</strong> se terem tornado piores ainda em<br />

contato com a bonda<strong>de</strong> divina, pois esperava-se que, pelo menos, esta<br />

bonda<strong>de</strong> os enternecesse e os corrigisse. Portanto, tomemos cuidado<br />

a fim <strong>de</strong> não acumularmos para nós mesmos este tesouro <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgraças<br />

pelo ilícito abuso das bênçãos divinas.<br />

No dia da ira. Literalmente, introduzido no dia [grego, εἰς ἡμέραν,<br />

para o dia]. Os ímpios, agora, amontoam em torno <strong>de</strong> si a ira divina, cuja<br />

força será <strong>de</strong>rramada sobre suas cabeças naquele dia. A <strong>de</strong>struição virá<br />

sobre eles secretamente, a qual será, então, tirada dos tesouros divinos.<br />

O dia do juízo final é chamado o dia da ira, quando a referência é feita<br />

aos ímpios, embora o mesmo será um dia <strong>de</strong> re<strong>de</strong>nção para os cristãos.<br />

Semelhantemente, todas as outras visitações <strong>de</strong> Deus, no tocante aos ím-<br />

4 O que se segue no texto, segundo Calvino, é isto: “et cor pœnitere nescium – e um coração<br />

que não sabe o que é arrepen<strong>de</strong>r-se”; καὶ ἀμετανόητον καρδίαν; o que Schleusner<br />

traduz assim: “animus, qui omnem emendationem respuit – uma mente que rejeita todo e<br />

qualquer melhoramento.” É alguém que não se arrepen<strong>de</strong>, em vez <strong>de</strong> “um coração impenitente”,<br />

isto é, um coração incapaz <strong>de</strong> arrepen<strong>de</strong>r-se. Veja-se Efésios 4.19.

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