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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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510 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

voluntariamente suportemos o extremo rigor da lei por amor à paz,<br />

contanto que estejamos preparados a lutar corajosamente, como às<br />

vezes nos é requerido. Os soldados <strong>de</strong> Cristo não po<strong>de</strong>m gozar <strong>de</strong><br />

perene paz com o mundo, porquanto este é governado por Satanás.<br />

19. Não vos vingueis a vós mesmos. Como já disse, o mal que<br />

ele corrige aqui é muito mais sério do que aquele supramencionado.<br />

E no entanto ambos têm a mesma fonte <strong>de</strong> origem, a saber: um<br />

amor <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado voltado para si mesmo e um orgulho inerente<br />

que nos leva a uma excessiva indulgência para com nossos próprios<br />

erros, enquanto que nos revelamos intolerantes para com os erros<br />

alheios. Visto, pois, que esta enfermida<strong>de</strong> cria em quase todos um<br />

<strong>de</strong>sejo frenético por vingança, mesmo quando sofrem as mais leves<br />

injúrias, o apóstolo nos or<strong>de</strong>na, aqui, a não cultivarmos o espírito<br />

<strong>de</strong> vingança, mesmo quando somos dolorosamente feridos, mas que<br />

<strong>de</strong>ixemos a vingança com o Senhor. E visto que aqueles que uma<br />

vez se <strong>de</strong>ixam pren<strong>de</strong>r por essa <strong>de</strong>scontrolada paixão não po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>ixar-se dominar com facilida<strong>de</strong>, ele nos refreia pelo uso <strong>de</strong> termos<br />

persuasivos, tais como amados.<br />

O preceito, pois, consiste em que não cultivemos o espírito <strong>de</strong><br />

vingança nem vinguemos as injúrias que po<strong>de</strong>rão ser-nos feitas,<br />

visto ser nosso <strong>de</strong>ver dar lugar à ira. Dar lugar à ira significa <strong>de</strong>ixar<br />

com Deus a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> julgar. Aqueles que planejam a vingança<br />

privam Deus <strong>de</strong>sta autorida<strong>de</strong>. Se, pois, é errôneo usurpar o ofício<br />

divino, tampouco nos é lícito extorquir <strong>de</strong>le a vingança, porque, ao<br />

proce<strong>de</strong>rmos assim, antecipamos o juízo divino; porquanto Deus<br />

quis reservar este ofício exclusivamente para si. Ao mesmo tempo,<br />

o apóstolo afirma que aqueles que esperam pacientemente pelo<br />

socorro divino <strong>de</strong>ixarão Deus ser seu Vingador; enquanto que, os<br />

que antecipam sua vingança não <strong>de</strong>ixam lugar ao socorro divino. 20<br />

20 Muitos se têm manifestado como advogados <strong>de</strong>sta exposição: Crisóstomo, Teofilato, Lutero,<br />

Beza, Hammond, Macknight, Stuart e outros. Mas não existe nenhum exemplo da<br />

expressão: “dar lugar” com esse sentido. Em dois lugares on<strong>de</strong> ela ocorre, significa dar<br />

vazão, entregar. Vejam-se Lucas 14.9; Efésios 4.27. Então dar lugar à ira é entregar-se e<br />

pacientemente suportar a ira do homem que comete o erro. Alguns têm afirmado que o

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