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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 10 • 413<br />

Em contrapartida, quando vemos alguém que parece vaguear em<br />

trevas, mesmo quando perambula com boas intenções, pon<strong>de</strong>remos<br />

como somos merecedores <strong>de</strong> mil mortes se, uma vez tendo sido<br />

iluminados por Deus, nos <strong>de</strong>sviarmos consciente e voluntariamente<br />

<strong>de</strong> seu caminho.<br />

3. Porquanto, <strong>de</strong>sconhecendo a justiça <strong>de</strong> Deus. Note-se como<br />

seu zelo inconsi<strong>de</strong>rado os fizera <strong>de</strong>sviar-se. Quiseram estabelecer<br />

uma justiça propriamente sua; e sua louca confiança era proce<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> sua ignorância da justiça divina. Observe-se o contraste entre<br />

justiça divina e justiça humana. Vemos, em primeiro lugar, que se<br />

opunham uma à outra, e não podiam manter-se unidas. Segue-se<br />

que a justiça divina é subvertida assim que o homem estabelece sua<br />

própria justiça. Além disso, a fim <strong>de</strong> prover uma correspondência<br />

entre os dois tipos <strong>de</strong> justiça, Paulo chama <strong>de</strong> justiça divina àquela<br />

que é um dom divino, enquanto que, em contrapartida, aquela que<br />

o homem busca <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo, ou com a qual pensa po<strong>de</strong>r<br />

apresentar-se diante <strong>de</strong> Deus, chama justiça humana. Aqueles, pois,<br />

que querem ser justificados por si mesmos jamais se submetem<br />

à justiça proce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Deus, porquanto o primeiro passo para<br />

obtermos a justiça divina consiste em renunciarmos nossa própria<br />

justiça. Que outra razão nos compeliria a buscarmos a justiça em<br />

outra fonte, senão o fato <strong>de</strong> sermos movidos a agir assim pela própria<br />

carência <strong>de</strong>la?<br />

Afirmamos em outra instância que o homem é vestido da justiça<br />

divina pela instrumentalida<strong>de</strong> da fé. A justiça <strong>de</strong> Cristo lhes é imputada.<br />

O apóstolo, ao dizer que se <strong>de</strong>svencilhavam do jugo divino, injuria<br />

traduz a frase, como faz Macknight, “um gran<strong>de</strong> zelo”; mas isso não é exigido pelo contexto.<br />

Os ju<strong>de</strong>us professamente tinham “zelo por Deus”, mas este não era acompanhado <strong>de</strong><br />

conhecimento. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento como um guia do zelo é notado por Turrettin<br />

em quatro <strong>de</strong>talhes: 1. Para que saibamos distinguir a verda<strong>de</strong> da falsida<strong>de</strong>, como<br />

po<strong>de</strong> haver zelo pela doutrina errada e falsa, também <strong>de</strong>ve haver pela que é verda<strong>de</strong>ira; 2.<br />

para que possamos enten<strong>de</strong>r a importância comparativa das coisas, <strong>de</strong> modo a não fazer<br />

muito do que é pouco, e não fazer pouco do que se <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar como gran<strong>de</strong>; 3. Para<br />

que possamos prosseguir e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong> da maneira correta, com prudência, firmeza,<br />

fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> e mansidão; 4. Para que nosso zelo tenha um objetivo correto, não nosso<br />

próprio interesse e reputação, mas a glória <strong>de</strong> Deus e a salvação dos homens.

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