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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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538 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Temos que formar a mesma opinião também com referência<br />

àqueles que se abstêm <strong>de</strong> alimentos impuros. Se porventura comem<br />

num estado <strong>de</strong> incerteza, tal significa que não receberam a bênção das<br />

mãos divinas, senão que lançaram mão do que é proibido. Portanto,<br />

que façam uso <strong>de</strong> outras coisas que acreditem serem permitidas, e<br />

obe<strong>de</strong>çam na medida <strong>de</strong> seu próprio entendimento. E assim darão graças<br />

ao Senhor, o que jamais fariam se não cressem que <strong>de</strong> fato foram<br />

alimentados pela liberalida<strong>de</strong> divina. Não nos é lícito menosprezá-los<br />

por esta conta, como se houvessem ofendido ao Senhor pelo uso <strong>de</strong>ssa<br />

continência e <strong>de</strong>vota restrição. Nem há absurdo algum em dizermos<br />

que a auto-restrição <strong>de</strong> uma pessoa tão débil seja reprovada por Deus,<br />

mas porque Deus a tolera com aquela indulgência <strong>de</strong> Pai celestial.<br />

Paulo com razão exigiu que haja certeza em nossa mente, para que<br />

ninguém lance mão <strong>de</strong> seu próprio critério em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma ou outra<br />

observância. Devemos, pois, consi<strong>de</strong>rar se na presente passagem ele<br />

não esteja antes exortando que afirmando. A frase ficará mais legível<br />

se a lermos assim: “Que cada um esteja convicto do que faz, porque<br />

terá <strong>de</strong> dar conta <strong>de</strong> tudo ante o tribunal celestial. Pois se alguém<br />

come ou se abstêm <strong>de</strong> comer, ele <strong>de</strong>ve levar em conta a pessoa <strong>de</strong><br />

Deus.” Certamente que nada é melhor calculado, tanto para coibir<br />

qualquer liberda<strong>de</strong> arbitrária no julgar quanto em corrigir qualquer<br />

superstição, do que a idéia <strong>de</strong> sermos convocados a comparecer ante<br />

o tribunal divino. Por esta razão Paulo sabiamente põe diante <strong>de</strong> cada<br />

indivíduo o Juiz ante cujo arbítrio terá que apresentar tudo o que faz.<br />

A forma afirmativa da sentença não <strong>de</strong>põe contra esta interpretação,<br />

porquanto Paulo adiciona imediatamente a seguir: Porque nenhum <strong>de</strong><br />

nós vive para si mesmo nem morre para si mesmo. Ele não está aqui<br />

discutindo o que o homem po<strong>de</strong> fazer, mas lhe mostra o que <strong>de</strong>ve fazer.<br />

Notemos também o que ele diz: quando comemos para o Senhor,<br />

ou nos abstemos <strong>de</strong> comer [por causa <strong>de</strong>le], lhe damos graças. Daí,<br />

o comer e o não-comer são impuros on<strong>de</strong> não há ações <strong>de</strong> graças.<br />

É tão-somente o Nome <strong>de</strong> Deus, quando o invocamos, que santifica<br />

tanto a nós mesmos quanto a nossas ações.

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