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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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334 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

palavra como começos [primordia]. Não consi<strong>de</strong>ro a expressão como<br />

havendo sido aplicada unicamente aos apóstolos, como fazem esses<br />

intérpretes, mas a todos os crentes que são aspergidos neste mundo<br />

com apenas umas poucas gotas do Espírito, ou ainda àqueles que<br />

tenham feito excelente progresso, mas que, embora dotados com<br />

certa medida do Espírito, estão ainda longe da perfeição.<br />

Esses, pois, para o apóstolo, são os começos ou primícias, os<br />

quais são contrastados com a colheita completa. Visto que a plenitu<strong>de</strong><br />

do Espírito ainda não nos foi concedida, não é <strong>de</strong> estranhar<br />

que sejamos movidos com inquietu<strong>de</strong>. Paulo reitera nós mesmos ou<br />

em nós mesmos à guisa <strong>de</strong> ênfase, a fim <strong>de</strong> expressar nossos <strong>de</strong>sejos<br />

com mais ardor. Entretanto, ele não o qualifica simplesmente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sejo, e, sim, gemido, visto que sempre que tivermos consciência<br />

<strong>de</strong> nossa miséria, também gememos.<br />

Aguardando nossa adoção. O apóstolo inusitadamente refere<br />

aqui a nossa adoção como o <strong>de</strong>sfruto da herança na qual fomos adotados.<br />

Contudo, ele teve boas razões para proce<strong>de</strong>r assim, pois tem<br />

em mente que o <strong>de</strong>creto eterno <strong>de</strong> Deus seria invalidado, a menos<br />

que a ressurreição prometida, que é o efeito do <strong>de</strong>creto, fosse igualmente<br />

concretizada. 23 Através <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>creto, Deus nos elegeu como<br />

seus filhos antes da fundação do mundo; através do evangelho, ele<br />

nos dá testemunho acerca <strong>de</strong>le; e por meio <strong>de</strong> seu Espírito, ele sela<br />

em nossos corações a fé nele. Por que razão seria Deus nosso Pai,<br />

senão para po<strong>de</strong>rmos receber uma herança celestial após o término<br />

<strong>de</strong> nossa peregrinação terrena?<br />

A frase que vem imediatamente a seguir – a re<strong>de</strong>nção <strong>de</strong> nosso<br />

corpo – tem a mesma referência. O preço <strong>de</strong> nossa re<strong>de</strong>nção foi<br />

pago por Cristo, mas <strong>de</strong> tal sorte que a morte ainda nos mantém<br />

presos em suas ca<strong>de</strong>ias, e <strong>de</strong>veras ainda a levamos presente em<br />

23 A improprieda<strong>de</strong> que Calvino nota está em harmonia com a fraseologia usual da Escritura.<br />

O que começa neste mundo e é completado no futuro é chamado pelo mesmo nome. A<br />

palavra salvação é usada <strong>de</strong>ssa forma como que <strong>de</strong>signando seu começo e seu progresso,<br />

bem como sua completação. Além disso, a adoção aqui tem uma consi<strong>de</strong>ração particular<br />

ao corpo, como já explicado pelas palavras que se seguem.

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