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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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500 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Na tradução da partícula ἀποστυγου̑ντες, ‘odiar’, ‘<strong>de</strong>testar’, não<br />

segui nem a Erasmo e nem a Vulgata. Paulo, em minha opinião, <strong>de</strong>sejava<br />

expressar algo mais, e a força do termo ‘<strong>de</strong>sviai-vos’ ou ‘fugi’<br />

correspon<strong>de</strong> melhor à sentença oposta, on<strong>de</strong> ele nos convida não<br />

só a nos diligenciarmos na prática do bem, mas também a prosseguirmos<br />

nesta conduta.<br />

10. Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal.<br />

Não há palavras suficientemente eloqüentes com as quais Paulo pu<strong>de</strong>sse<br />

expressar o ardor daquela afeição que <strong>de</strong>ve impulsionar-nos<br />

ao amor recíproco. Ele se refere a esse sentimento como sendo<br />

amor fraternal, e diz que o mesmo produz uma afeição muitíssimo<br />

cândida, στοργή, que em latim significa aquele amoroso respeito<br />

que existe no seio da família. Este, sem dúvida, <strong>de</strong>ve ser o tipo <strong>de</strong><br />

amor que conferimos aos filhos <strong>de</strong> Deus. 14 Com este propósito em<br />

vista, ele adiciona um preceito que é <strong>de</strong> extrema necessida<strong>de</strong> caso<br />

o bem <strong>de</strong>va triunfar, ou, seja: que cada um <strong>de</strong>ve preferir, em honra,<br />

a seus irmãos. Não há veneno mais letal para arrefecer as afeições<br />

do que alguém imaginar-se menosprezado. Não questiono muito se<br />

os leitores preferem enten<strong>de</strong>r esta honra no sentido <strong>de</strong> toda sorte <strong>de</strong><br />

bonda<strong>de</strong>, mas prefiro a primeira interpretação. Como não há nada<br />

mais contrário à harmonia fraternal do que o <strong>de</strong>sdém que nasce do<br />

orgulho, quando alguém tem os <strong>de</strong>mais em menos estima do que<br />

a si próprio, assim a modéstia, pela qual cada um traz honra aos<br />

<strong>de</strong>mais, nutre muito mais o amor.<br />

11. Na diligência, não sejais remissos. Este preceito nos é comunicado<br />

não só porque a vida cristã <strong>de</strong>va ser ativa, mas também<br />

porque é próprio que às vezes <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>remos nossas próprias<br />

vantagens e <strong>de</strong>diquemos nossos labores em prol <strong>de</strong> nossos irmãos;<br />

14 É difícil traduzir esta frase. As palavras <strong>de</strong> Calvino são: “Fraterna charitate ad vos mutuò<br />

amandos propensi”; também Beza. O apóstolo junta duas coisas – amor mútuo e irmãos<br />

com o amor natural <strong>de</strong> pais e filhos, como se dissesse: “Que vosso amor fraternal tenha<br />

em si o afetuoso sentimento que existe entre pais e filhos.” “O amor fraternal é mutuamente<br />

cheio <strong>de</strong> ternas afeições”, Doddridgre. “O amor fraternal é bondosamente disposto<br />

uns para com os outros”, Macknight. Po<strong>de</strong> ser assim traduzido: “O amor fraternal é ternamente<br />

afeiçoado uns pelos outros.”

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