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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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196 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

freqüentes dúvidas em relação às promessas <strong>de</strong> Deus não <strong>de</strong>trai<br />

nada <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r, visto que a suposição <strong>de</strong> que Deus promete em<br />

sua Palavra mais do que po<strong>de</strong> cumprir (o que constitui uma injustiça<br />

e franca blasfêmia contra Deus), <strong>de</strong> forma alguma é a causa <strong>de</strong><br />

nossa hesitação, senão que é a <strong>de</strong>ficiência que sentimos em nós<br />

mesmos. Não exaltaremos suficientemente o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus, caso<br />

não o consi<strong>de</strong>remos como sendo muito maior que nossas próprias<br />

fraquezas. Portanto, a fé não <strong>de</strong>ve atentar para nossas fraquezas,<br />

nossas misérias e nossos <strong>de</strong>feitos; ela <strong>de</strong>ve fixar toda sua atenção só<br />

no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus. Se porventura ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse <strong>de</strong> nossa justiça ou<br />

dignida<strong>de</strong>, então jamais atingiria a consi<strong>de</strong>ração do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus.<br />

A evidência <strong>de</strong> nossa incredulida<strong>de</strong>, a qual o apóstolo mencionou<br />

antes, está em medirmos o po<strong>de</strong>r do Senhor <strong>de</strong> acordo com nossos<br />

padrões. A fé não pressupõe que Deus po<strong>de</strong> fazer todas as coisas<br />

enquanto nos ínterins permanece inativo. Ao contrário, ele situa seu<br />

po<strong>de</strong>r em sua ativida<strong>de</strong> contínua, e o aplica particularmente ao que<br />

é efetuado em sua Palavra. A mão <strong>de</strong> Deus, portanto, está sempre<br />

pronta a pôr em ação o que sua boca falou.<br />

Parece-me estranho que Erasmo haja preferido consi<strong>de</strong>rar o<br />

relativo como masculino. Ainda que o sentido não seja alterado<br />

com a mudança <strong>de</strong> gênero, todavia prefiro valer-me mais dos termos<br />

gregos usados por Paulo. Sei que o verbo é passivo, 20 mas uma leve<br />

mudança diminuiria a aspereza.<br />

22. Pelo que isso lhe foi imputado 21 para justiça. Torna-se mais<br />

evi<strong>de</strong>nte agora por que e como a fé trouxe justiça a Abraão – foi<br />

porque ele <strong>de</strong>pendia da Palavra <strong>de</strong> Deus e não rejeitou a graça que<br />

20 O verbo é ἐπήγγελται, usado aqui, e talvez em um outro lugar [Hb 12.26], num sentido<br />

ativo. Geralmente se encontra, no sentido <strong>de</strong> prometer, na voz média, como em Marcos<br />

14.11; Atos 7.5; Hebreus 6.13; etc. É uma anomalia que o mesmo seja às vezes encontrado<br />

em autores gregos.<br />

21 Como no caso anterior, no versículo 3, não há caso normativo para este verbo; ele é completado<br />

pela sentença. Este é um caso freqüente nas línguas, tais como grego e hebraico,<br />

nas quais a pessoa é incluída no próprio verbo.<br />

“É bem verda<strong>de</strong>, como diz Paulo aos <strong>Romanos</strong>, que Abraão foi justificado pela fé, e não<br />

pela obediência; mas é justo e verda<strong>de</strong>iro o que ele diz aos Hebreus, que foi pela fé que<br />

Abraão obe<strong>de</strong>ceu.” – Chalmers.

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