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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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362 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Ele trata este tema, não obstante, com uma habilida<strong>de</strong> tal que <strong>de</strong>sfaz<br />

aquela aspereza que po<strong>de</strong>ria transparecer aos ju<strong>de</strong>us, evitando<br />

que viessem a sentir algum rancor. Ele, contudo, não lhes oferece<br />

nada que significasse prejuízo para o evangelho, senão que lhes<br />

confirma seus privilégios <strong>de</strong> uma forma tal que não constituísse,<br />

também, qualquer prejuízo para a pessoa <strong>de</strong> Cristo. Mas ele passa<br />

à discussão do presente tema <strong>de</strong> uma forma tão abrupta que parece<br />

não haver conexão alguma com seu discurso anterior, 1 e no entanto<br />

começa sua nova exposição como se não fosse qualquer novida<strong>de</strong>.<br />

Eis a razão para tal procedimento: havia ele completado a discussão<br />

da doutrina que estivera <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo, e quando volve sua atenção<br />

para os ju<strong>de</strong>us, sente-se atônito com a incredulida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les, como<br />

se para eles isso fosse algo inusitado; e então, <strong>de</strong> súbito, se <strong>de</strong>ixa<br />

impelir por veemente protesto, como se estivesse tratando do mesmo<br />

tema que já havia discutido. Ninguém evitaria automaticamente<br />

este pensamento: “Se esta é a doutrina da lei e dos profetas, como<br />

é possível que os ju<strong>de</strong>us a rejeitem tão obstinadamente?” Existe<br />

também o fato notório <strong>de</strong> que os ju<strong>de</strong>us sentiam profundo ódio por<br />

tudo quanto Paulo ensinava a respeito da lei <strong>de</strong> Moisés e da graça<br />

<strong>de</strong> Cristo, para que viessem oferecer seu apoio à fé dos gentios, em<br />

concordância com Paulo. Era indispensável, pois, que este escândalo<br />

fosse removido, a fim <strong>de</strong> que o curso do evangelho não sofresse<br />

qualquer sorte <strong>de</strong> interrupção.<br />

1. Digo a verda<strong>de</strong> em Cristo. Uma vez suposto pela maioria que<br />

Paulo se <strong>de</strong>clarara inimigo <strong>de</strong> sua própria nação, <strong>de</strong> maneira que<br />

1 A conexão parece ser esta: ele esteve falando da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> separar o povo <strong>de</strong><br />

Deus da influência protetora e po<strong>de</strong>r preservador <strong>de</strong> seu amor. Ele <strong>de</strong>monstrou claramente<br />

que nenhum divórcio ou separação po<strong>de</strong> ocorrer em quaisquer circunstâncias<br />

possíveis. Então os ju<strong>de</strong>us podiam dizer: “Se este é o caso, então estamos seguros, somos<br />

ainda o povo <strong>de</strong> Deus.” Daí ele passa a remover esta objeção, e a fim <strong>de</strong> preparar sua<br />

mente para receber o que ele está para dizer e provar fala primeiramente <strong>de</strong> sua profunda<br />

preocupação com seu bem-estar; e então resume a doutrina que tocara nos versículos 28-<br />

30 sobre o caráter anterior e o ilustra fazendo uso <strong>de</strong> uma referência ao trato passado <strong>de</strong><br />

Deus com os ju<strong>de</strong>us, e o prova fazendo também uso <strong>de</strong> passagens dos antigos profetas.<br />

Ele mostra que o povo <strong>de</strong> Deus é chamado segundo seu propósito, e não todos os que<br />

usam o símbolo externo <strong>de</strong> seu concerto.

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