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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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Capítulo 6 • 253<br />

qualquer parte <strong>de</strong>la. Além do mais, pelo vocábulo graça enten<strong>de</strong>mos<br />

as duas partes da re<strong>de</strong>nção, ou, seja: o perdão dos pecados, por meio<br />

do qual Deus nos imputa justiça; e a santificação proce<strong>de</strong>nte do Espírito,<br />

por meio da qual ele nos renova para as boas obras. A partícula<br />

adversativa [pois], em minha opinião, é causal, como suce<strong>de</strong> com<br />

muita freqüência, e significa: “Uma vez que nos achamos <strong>de</strong>baixo da<br />

graça, portanto não estamos mais <strong>de</strong>baixo da lei.” Agora o significado<br />

fica plenamente nítido. O apóstolo se sente solícito em confortar-<br />

-nos e evitar que nos sintamos cansados <strong>de</strong> continuar na prática do<br />

que é direito, já que ainda sentimos em nós mesmos o volume <strong>de</strong><br />

nossas imperfeições. Entretanto, embora muitos estiletes do pecado<br />

ainda possam alfinetar-nos, todavia não po<strong>de</strong>m subjugar-nos, visto<br />

que recebemos do Espírito <strong>de</strong> Deus a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vencê-los. Já<br />

que estamos sob o domínio da graça, também estamos livres das<br />

severas exigências da lei. Além do mais, é preciso compreen<strong>de</strong>r que<br />

o apóstolo, aqui, dá como consumado o fato <strong>de</strong> que aqueles que não<br />

se acham sob o domínio da graça <strong>de</strong> Deus estão jungidos ainda ao<br />

jugo da lei e estão sujeitos a sua con<strong>de</strong>nação. Dessa forma, em contrapartida<br />

po<strong>de</strong>mos argumentar que, enquanto os homens estiverem<br />

<strong>de</strong>baixo da lei, também se acham sujeitos ao domínio do pecado. 12<br />

15. E daí? Havemos <strong>de</strong> pecar? Visto que a sabedoria carnal está<br />

sempre vociferando contra os mistérios <strong>de</strong> Deus, Paulo adicionou<br />

esta afirmação com o fim <strong>de</strong> evitar uma possível objeção. Já que a<br />

lei é a norma do bom viver, e foi promulgada a fim <strong>de</strong> governar a<br />

humanida<strong>de</strong>, cremos que, se ela for <strong>de</strong>sfeita, toda disciplina <strong>de</strong>finitivamente<br />

virá abaixo; as restrições serão esfaceladas; e, finalmente,<br />

não restará nenhuma diferença ou distinção entre o bem e o mal.<br />

Todavia, nosso equívoco aqui se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> presumirmos que a<br />

justiça que Deus aprova em sua lei é abolida quando a lei é revogada.<br />

E esta revogação, contudo, <strong>de</strong> forma alguma se aplica aos preceitos<br />

12 A palavra ‘lei’, aqui, é tomada por Scott e outros in<strong>de</strong>finidamente, no sentido <strong>de</strong> lei como<br />

base do pacto das obras, escrita ou não; e a tradução literal é: “<strong>de</strong>baixo da lei” – ὑπὸ<br />

νόμου; e o mesmo se dá no próximo versículo: “<strong>de</strong>baixo da lei”. “

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