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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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162 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

são enganadas por um falso conceito <strong>de</strong> lei, e que, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando<br />

as promessas, não buscam na lei outra coisa senão unicamente a<br />

justiça proce<strong>de</strong>nte das obras. Por essa razão, os ju<strong>de</strong>us atacavam<br />

severamente não só a Paulo, mas também a nosso Senhor mesmo,<br />

como se toda sua pregação não almejasse outra coisa senão a anulação<br />

da lei – daí o protesto que o Senhor pronuncia: “Eu vim não<br />

para <strong>de</strong>struir [a lei], mas para cumprir” [Mt 5.17].<br />

Esta suspeita se esten<strong>de</strong>u tanto à lei moral quanto à cerimonial;<br />

pois, visto que o evangelho põe fim às cerimônias mosaicas, então<br />

sua intenção se esten<strong>de</strong> também à <strong>de</strong>struição do ministério <strong>de</strong><br />

Moisés. E mais: visto que o evangelho oblitera toda a justiça proce<strong>de</strong>nte<br />

das obras, criam que isso era contrário a todas as cerimônias<br />

da lei, nas quais o Senhor afirma que ele prescreveu o caminho da<br />

justiça e da salvação. Portanto tomo esta <strong>de</strong>fesa do apóstolo como<br />

se referindo não só às cerimônias, nem ao que chamam <strong>de</strong> preceitos<br />

morais, mas a toda a lei em sentido universal. 41<br />

Antes confirmamos a lei. O fato é que a lei moral é confirmada<br />

e estabelecida através da fé em Cristo, já que ela foi dada para ensinar<br />

o homem acerca <strong>de</strong> sua iniqüida<strong>de</strong> e para guiá-lo a Cristo, sem<br />

o qual a lei não seria cumprida. Em vão a lei proclama o que é reto,<br />

41 A lei aqui, sem dúvida, significa a lei da qual se faz menção nos versículos<br />

anteriores – a lei pelas obras das quais não po<strong>de</strong>mos ser justificados –, a<br />

lei que é, neste aspecto, oposta à fé. Atribuir seu significado aos versículos<br />

20 e 21, como faz Stuart, “é totalmente sem justificativa”, bem como dizer<br />

que ela significa o Velho Testamento. Pois fazer isso é separá-la <strong>de</strong> sua conexão<br />

imediata sem qualquer razão plausível. Além disso, tal interpretação<br />

oblitera uma importante doutrina, a saber: que a fé não invalida nem anula<br />

a autorida<strong>de</strong>, o uso e sanções da lei moral, mas, ao contrário, os sustenta<br />

e os confirma. Embora ela [a fé] faça o que a lei não faz, e não po<strong>de</strong> fazer,<br />

visto que ela salva o pecador a quem a lei con<strong>de</strong>na, todavia ela efetua isso<br />

sem relaxar ou <strong>de</strong>sonrar a lei, porém <strong>de</strong> uma maneira que a torna, o quanto<br />

possível, mais obrigatória e mais honrada e mais eminente. Só faz a passagem<br />

mais difícil incluir a lei cerimonial (pois possui em si mais <strong>de</strong> fé do<br />

que <strong>de</strong> lei), à qual não se faz nenhuma referência no contexto. Mas parece<br />

não haver nenhuma objeção incluir a lei da consciência, tanto quanto a lei<br />

escrita. Pois a fé confirma ambas, e a palavra ‘lei’ é aqui sem o artigo, ainda<br />

que isso, em si mesmo, não é <strong>de</strong>cisivo. A lei moral, pois, tanto quanto a lei<br />

da consciência, é o que está em pauta aqui; pois a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambas é<br />

confirmada e corroborada pela fé.

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