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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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172 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

7. dizendo: Bem-aventurados são aqueles<br />

cujas iniqüida<strong>de</strong>s são perdoadas,<br />

e cujos pecados são cobertos;<br />

8. bem-aventurado é o homem a quem<br />

o Senhor jamais atribuirá pecado.<br />

7. Beati quorum remissæ sunt iniquitates,<br />

et quorum tecta sunt peccata:<br />

8. Beatus vir, cui non imputavit Dominus<br />

peccatum.<br />

6. E é assim que também Davi pronuncia bênção. Daqui vemos<br />

que aqueles que restringem as obras da lei às cerimônias estão<br />

simplesmente cavilando, visto que o que o apóstolo referiu antes<br />

como obras da lei, ele agora simplesmente, e sem qualquer adição,<br />

chama <strong>de</strong> obras. Se há concordância em linguagem simples e irrestrita<br />

que encontramos nesta passagem <strong>de</strong>va ser entendida como que<br />

aplicando-se, sem distinção, a toda obra, então a mesma <strong>de</strong>ve ser<br />

levada em conta ao longo <strong>de</strong> todo o argumento. Não há nada mais<br />

inconsistente do que remover a virtu<strong>de</strong> da justificação somente das<br />

cerimônias, visto que Paulo exclui todas as obras, sem distinção. A<br />

isto acrescenta-se a cláusula negativa, ou, seja: que Deus justifica os<br />

homens em razão <strong>de</strong> não imputar-lhes seus pecados. À luz <strong>de</strong>stas<br />

palavras, também apren<strong>de</strong>mos que justiça, para Paulo, é nada mais<br />

nada menos que a remissão <strong>de</strong> pecados, e, finalmente, que esta<br />

remissão é igualmente imerecida, visto que ela é imputada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

<strong>de</strong> obras, como o próprio termo remissão o indica. O<br />

débito não é remitido quando o credor é ressarcido, e, sim, quando<br />

o credor, espontaneamente, cancela a dívida movido puramente<br />

por sua generosida<strong>de</strong>. Não é o caso daqueles que nos ensinam a<br />

comprar o perdão <strong>de</strong> nossos pecados por meio <strong>de</strong> satisfações. Paulo<br />

extrai seu argumento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> remissão a fim <strong>de</strong> provar que o<br />

dom da justiça é gratuito. 7 Como é possível que concor<strong>de</strong>m com<br />

7 Falando <strong>de</strong>ssa justiça, Pareus afirma: “Ela não é nossa, do contrário Deus não a imputaria<br />

gratuitamente, mas a conce<strong>de</strong> como uma questão <strong>de</strong> direito; nem é um hábito ou qualida<strong>de</strong>,<br />

pois é sem as obras e imputada aos ímpios, que habitualmente nada têm senão iniqüida<strong>de</strong>s;<br />

porém é uma remissão gratuita, uma cobertura, uma não-imputação <strong>de</strong> pecados.”<br />

É uma prova notável do que o apóstolo tinha em vista aqui, a saber: que ele interrompe<br />

e não cita o versículo todo do Salmo 32.2. Ele elimina: “e em cujo espírito não há dolo”; e<br />

por quê? Evi<strong>de</strong>ntemente, porque seu tema é a justificação, e não a santificação. Ele assim<br />

caracterizou mais claramente a diferença entre as duas.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que os pecados são ‘perdoados’ ou remitidos, porque são dívida; e ‘co-

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