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Comentário de Romanos

Comentário de João Calvino no livro de Romanos.

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76 • Comentário <strong>de</strong> <strong>Romanos</strong><br />

Paulo adicione que nem lhe <strong>de</strong>ram graças, 38 pois não existe ninguém<br />

que não esteja endividado para com a infinita munificência divina,<br />

e é somente por esta razão que ele nos põe na condição <strong>de</strong> eternos<br />

inadimplentes diante <strong>de</strong> sua con<strong>de</strong>scendência em revelar-se a nós.<br />

Mas seus pensamentos tornaram-se fúteis, 39 e seus corações insensatos<br />

se obscureceram, ou, seja: renunciaram a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus e<br />

se volveram para a vaida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus próprios raciocínios, os quais<br />

são completamente indistinguíveis e sem permanência. Seu coração<br />

insensível, sendo assim entenebrecido, não po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r nada corretamente,<br />

senão que se acha precipitado em erro e falsida<strong>de</strong>. Esta é<br />

a injustiça [da raça humana], ou, seja: que a semente do genuíno conhecimento<br />

foi imediatamente sufocada por sua impieda<strong>de</strong> antes que<br />

pu<strong>de</strong>sse medrar e amadurecer.<br />

22. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Comumente se infere<br />

<strong>de</strong>sta passagem que o apóstolo está fazendo alusão aos filósofos<br />

que adotavam exclusivamente para si a fama <strong>de</strong> sábios. A força <strong>de</strong><br />

seu argumento é mantida para provar que, quando a superiorida<strong>de</strong><br />

dos gran<strong>de</strong>s é reduzida a nada, o povo comum fica <strong>de</strong>stituído <strong>de</strong> base<br />

38 O conjuntivo ἤ̓ está para ουτε, diz Piscator; mas ele é um hebraísmo, pois w é às vezes<br />

usado, em hebraico, sem o negativo, o qual pertence à cláusula anterior.<br />

39 As palavras originais são ἐματαιώθησαν ἐν τος διαλογισμος αὐτοω̑ν – “Vani facti sunt in<br />

ratiocinationibus suis – tornaram-se fúteis em seus raciocínios”, Pareus, Beza, Turrettin e<br />

Doddridge; “Tornaram-se insensatos por seus próprios raciocínios”, Macknight.<br />

“Seja qual for a razão correta <strong>de</strong>ntro”, diz Pareus, “ou a estrutura do mundo fora, po<strong>de</strong>ria<br />

ser uma alusão a Deus, eles se entregaram a agradáveis especulações, a raciocínios<br />

capciosos e a conclusões sutis e frívolas; alguns negavam a existência <strong>de</strong> Deus, como<br />

Epicuro e Demócrito – outros duvidavam, como Protágoras e Diágoras – outros afirmavam<br />

a existência <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>uses; e estes, como os platonistas, mantinham que eles não<br />

são corpóreos, enquanto que os gregos e romanos <strong>de</strong>fendiam que o eram, os quais os<br />

mortos adoravam, bem como os ímpios, cruéis, impuros e perversos. Havia também os<br />

egípcios que adoravam <strong>de</strong>uses como animais irracionais: bois, gansos, aves, crocodilos,<br />

sim, que cresciam em seus jardins: alho e cebola. Alguns pouquíssimos, tais como Platão<br />

e Aristóteles, reconheciam um Ser supremo; todavia até mesmo esses o privavam <strong>de</strong> sua<br />

providência. Essas, e tais do mesmo gênero, eram as opiniões monstruosas que os gentios<br />

<strong>de</strong>duziam <strong>de</strong> seus raciocínios. Tornaram-se fúteis, loucos, insensatos.<br />

“E seu coração insensato tornou-se obscurecido” – ἡ ἀσύνετος αὐτω̑ν καρδία; “cor eorum<br />

intelligentia carens – seu coração privado <strong>de</strong> entendimento”; “seu coração sem inteligência”,<br />

Doddridge. Talvez “coração sem discernimento” seria mais a<strong>de</strong>quado. Veja-se<br />

Mateus 15.16. Coração, segundo a maneira dos hebreus, <strong>de</strong>ve aqui ser tomado para toda<br />

a alma, especialmente a mente.

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